Projeto cultural itinerante promove, gratuitamente, espetáculo, rodas de conversa e oficina, a fim de valorizar a cultura da infância e da juventude negra
Da Redação
O artista circense Vinicio Queiroz, responsável por dar vida ao Palhaço Chouriço, vai circular por quatro regionais de Belo Horizonte com o espetáculo “O Patriota”. Trata-se de um número tragicômico, de aproximadamente 45 minutos, livremente inspirado em “Os Bruzundangas”, de Lima Barreto. A obra, vale lembrar, é uma coletânea de crônicas no qual o autor satiriza uma fictícia nação, na qual ele mesmo teria residido. Assim, os capítulos enfocam, entre outros temas, a diplomacia, a constituição, transações e propinas, os políticos e as eleições em Bruzundanga.
“O Patriota” é apresentado como um espetáculo de palhaço que se vale de uma linguagem inovadora. Desse modo, mistura mímica, mágica, malabarismo, coreografias e jogos de interações, recursos que ajudam a tecer a dramaturgia. Em cena, um palhaço negro que, além de entreter, interage com o espectador, inserindo-o em um contexto lúdico-politico. Nesse sentido, dialoga com a plateia com leveza e argúcia para, assim, abordar um tema delicado como o genocídio dos negros na periferia.
Circulação
Ao todo, a programação da “Circulação Palhaço Chouriço” irá contar com sete apresentações, que abarcam os meses de março, abril e maio – e com acompanhamento de acessibilidade em libras. Vale dizer que seis das apresentações serão finalizadas com rodas de conversa. Além disso, a agenda também conta com oficinas de palhaçaria – oferecidas de forma gratuita e com classificação indicativa a partir dos 12 anos.
No total, a Circulação contará com 14 atividades circenses gratuitas que, juntamente ao riso, pretendem estimular a consciência social em diversas idades. Dessa maneira, toda a programação tem vagas limitadas, com distribuição de senhas por ordem de chegada, a partir de 60 minutos antes do início das apresentações.
Instrumento de emoção
Para Vinicio, o projeto cultural irá oferecer, ao público, um conjunto rico, composto por elementos clássicos e contemporâneos do circo, juntamente a uma dramaturgia permeada por reflexões e saberes que visam valorizar a cultura afro-brasileira. Nesse viés, ele afirma que a arte circense é, acima de tudo, um instrumento de emoção: “A construção do próprio sonho diante dos desafios; a reflexão sobre o valor da vida; o encontro do artista de circo diretamente com o público através de situações cotidianas e repletas de belas memórias, um encontro de humanidades”.
“Acredito na qualidades da arte circense como possibilidade de fruição e divertimento, simultaneamente ao processo de reflexão e formação de valores como: respeito, diversidade, solidariedade, diálogo”, comentou o artista.
Vinicio Queiroz, o Palhaço Chouriço
Rodas de conversa
As apresentações serão finalizadas com uma roda de conversa, de acesso gratuito. De acordo com a organização do projeto “Circulação Palhaço Chouriço”, os bate-papos terão duração média de 40 minutos e irão promover trocas entre o Palhaço Chouriço e público. Dessa forma, será possível entender mais o processo de criação da obra, discutindo, por exemplo, aspectos cênicos da montagem.
Confira a programação completa:
07/03, quinta-feira, às 14h no CRAS Arão Reis (Av. Risoleta Neves, 347 – Guarani)
21/03, quinta-feira, às 14h, no Centro Cultural Urucuia (R. W-3, 500 – Pongelupe)
03/04, quarta-feira, às 19h30, no Centro Cultural Lindéia Regina ( Rua Aristolino Basílio de Oliveira, 445 – Regina)
18/04, quinta-feira, às 14h, no Centro Cultural Zilah Spósito (R. Carnaúba, 286 – Zilah Sposito)
02/05, quinta-feira, às 14h, no CRAS Paulo VI (R. Neblina, 120 – Conjunto Paulo VI)
16/05, quinta-feira, às 14h, no Centro Cultural Vila Marçola (R. Mangabeira da Serra, 320 – Marçola)
29/05, quarta-feira, às 14h, no Centro Cultural Venda Nova (R. José Ferreira dos Santos, 184 – Jardim dos Comerciários)
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Oficinas sobre a arte circense
As já citadas oficinas para o público jovem – cursos rápidos, com duração de 15 horas – vão acontecer nos centros culturais de Venda Nova e na Vila Marçola. Durante a formação, os estudantes irão percorrer módulos relacionados a técnicas de expressão corporal ligadas à capoeira de Angola, teatro físico e mímica corporal, a fim de instrumentalizar o artista para a criação cênica.
Além disso, as oficinas irão desenvolver técnicas e jogos cômicos, de maneira a estimular uma percepção autêntica dos alunos sobre si mesmos.
Confira a programação das oficinas:
05, 06 e 07/06: das 13h às 18h, no Centro Cultural Vila Marçola (R. Mangabeira da Serra, 320 – Marçola)
19, 20 e 21/06: das 13h às 18h, no Centro Cultural Venda Nova (R. José Ferreira dos Santos, 184 – Jardim dos Comerciários)
Texto escrito pela estagiária Giovanna Souza sob a supervisão de Carol Braga