Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

FAN 2019: Chico César oferece experiência intensa para o público de BH

Apresentação fez parte da programação do Festival de Arte Negra e contou com participação de Agnes Nunes

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O show de Chico César é daquele tipo de experiência que precisa de decantação. O artista se apresentou na noite de 19 de novembro no Festival de Arte Negra. Na ocasião, lançou o disco Amor é um ato revolucionário no palco do Grande Teatro do Sesc Palladium. Ao mesmo tempo em que o disco é urgente – devido a temas como racismo, violência e política -,  também precisa de um tempo para que as mensagens mais profundas sejam absorvidas.
Exemplo disso é a música History, que fala de uma relação amorosa enquanto provoca reflexão sobre o uso das mídias digitais. Ademais, Chico César cantou, tocou, performou e encantou. Tudo isso ao lado da sua banda, metade feminina, metade masculina. Afinal, bem como o artista repetiu diversas vezes ao longo do show, “lugar de mulher é onde ela quiser”.

Crítica social e política

“Esse disco começou a ser germinado ainda antes de Estado de Poesia (de 2015, oitavo álbum do artista e primeiro de inéditas desde 2008). Isso porque algumas canções como, por exemplo, Reis do agronegócio, que fecha o CD anterior, poderia abrir o Amor é um ato revolucionário. Ao mesmo tempo, a canção Minha morena foi lançada antes do Estado de Poesia, então poderia estar nele”, explica. Em resumo, os dois discos poderiam ser complementares. O primeiro propõe uma leitura amorosa do mundo enquanto o segundo é mais direto, crítico.
Isso foi possível ver em cena. Antes mesmo de Chico César subir ao palco, o público já exaltava nomes como o de Marielle Franco, Zumbi dos Palmares, além de defender a juventude negra e outros ideais sociais. E esses são apenas alguns dos estopins para a justificativa do disco novo do artista. “A partir de 2013, durante as manifestações, com a negação dos partidos e com toda aquela história, eu comecei a questionar como eu poderia intervir e expressar o que eu sentira”, conta Chico César.
amor é um ato revolucionário
Agnes Nunes e Chico César Foto: Nádia Nicolau / Divulgação

Questões de racismo

Esta não é a primeira vez que Chico César participa do Festival de Arte Negra.  “Eu participei do Festival na primeira edição, antes de lançar o disco Cuscuz Clã. Agora eu volto e recebo a Agnes Nunes, uma artista grandiosa, mesmo com a pouca idade (17 anos)”, comentou. Bota grandiosa nisso! Quando a cantora mirim subiu ao palco, foi para homenagear o “negro que virou ópera”, Itamar Assumpção. O compositor, cantor, arranjador, instrumentista e produtor musical se destacou na cena musical independente de São Paulo entre 1980 e 1990.
Agnes Nunes foi aplaudida de pé e o fato de estar no início de carreira não foi um empecilho para brilhar. A jovem artista tem a voz potente e doce e fica à vontade frente ao público. Ao lado de César, cantou À primeira vista em coro. Em seguida, ainda sob aplausos, Agnes agradeceu e se declarou para Chico: “O amor e Chico César, esses sim são atos revolucionários”. A próxima música foi justamente a que dá nome ao novo trabalho do artista paraibano.

Evocação de grandes nomes e ritmo variado

“Viva Zumbi dos Palmares! Marielle! Chico César! Viva a juventude negra!”.  A fala resume a proposta do disco Amor é um ato revolucionário que está disponível em plataformas de streaming e no YouTube.
Entre músicas inéditas e já consagradas, Chico e sua banda praticamente impecável e versátil fizeram o público dançar e ficar quieto apreciando. Não precisa nem falar de Mama África, não é? A canção foi uma das que encerraram o show e fez todo mundo ficar de pé. Por outro lado, History também faz dançar com a pegada tecno/brega/eletrônica. Entretanto, mesmo falando de amor gera reflexão, como dissemos. A música ganhou um clipe colaborativo feito a partir de vídeos enviados por fãs. Veja aqui.
Em resumo, Amor é um ato revolucionário é diverso em sonoridade e em temas. Contém improvisos extensos com solos alternados entre os componentes no palco. A banda é composta por Gledson Meira (bateria), Simone Sou (percussão), Ana Karina (baixo), Helinho Medeiros (teclados), Sintia Piccin e Richard Fermino (sopros).
Enfim, Chico César é grandioso, necessário e urgente.
amor é um ato revolucionário
Chico César Foto: Nádia Nicolau / Divulgação

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