O repertório do disco “Danilo Caymmi Andança 5.5” já pode ser conferido nas principais plataformas de streaming
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Na primeira quinzena de janeiro, o cantor, compositor e arranjador Danilo Caymmi lançou, nas plataformas de streaming direcionadas à música, uma nova versão para uma música que fala forte ao coração dos mineiros: “Travessia”. Sim, nada menos que um dos grandes clássicos da parceria Milton Nascimento e Fernando Brant. O single, na verdade, abria alas para o lançamento do álbum “Danilo Caymmi Andança 5.5”. Completo, o novo projeto do músico, que veio à tona no último dia 26. Os 5.5 dizem respeito ao tempo de trajetória artística: assim, 55 anos de carreira
A empreitada, vale dizer, faz as vezes de uma “trilha sonora da trajetória artística” de Danilo Caymmi. Não por outro motivo, o título também faz referência a um dos maiores sucessos dele, “Andança”. A música, parceria com Edmundo Souto e Paulinho Tapajós, estourou em 1968. A composição ficou tão atrelada à voz de Beth Carvalho (1946 – 2019) que, se alguém digitar o nome no espaço de buscas do Google, de pronto aparece: “canção de Beth Carvalho”. Inscrita no 3º Festival Internacional da Canção (FIC), em 1968, “Andança” acabou ficando com o terceiro lugar. Portanto, atrás de “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores”, de Geraldo Vandré (segundo posto). A campeão foi “Sabiá”, de Tom Jobim e Chico Buarque, interpretada por Cynara e Cybele.
Festivais da Canção
Mas, além de “Travessia” e “Andança”, o novo disco de Danilo Caymmi tem mais. Na verdade, o repertório foi selecionado a partir de uma pesquisa do músico e produtor Flávio Mendes. Assim, reúne o que os dois chamam de “canções do entorno dos Festivais da Canção”. No caso, com ênfase, claro, no final dos anos 1960, um período riquíssimo para a MPB. Daí, claro, o motivo da inclusão do clássico “Travessia”. A música, como os fãs bem sabem, foi a responsável por fazer o cantor e compositor Milton Nascimento despontar no mesmo Festival Internacional da Canção. Porém, um ano antes da edição que sagrou “Andança”, ou seja, em 1967.
Naquela edição, “Travessia” conquistou o segundo lugar, perdendo para “Margarida”, de Guarabyra. Milton, porém, acabou agraciado com o troféu de Melhor Intérprete. Na verdade, Danilo lembra que foi exatamente naquele momento que os dois se conheceram. “Acabei me tornando um dos primeiros amigos dele aqui, no Rio de Janeiro”, contou o cantor e compositor ao Culturadoria. “Aliás, acabei gravando a faixa ‘Catavento’, para o primeiro disco do Milton”, diz Danilo Caymmi, que, no caso, se incumbiu da flauta”.
“Travessia”
Para o novo disco, no caso de “Travessia”, Danilo Caymmi optou por primeiramente gravar, no estúdio, apenas no formato voz e violão (a cargo do já citado Flávio Mendes). Depois, foi inserir os demais instrumentos. Atualmente com 75 anos – pisciano, completará 76 no dia 7 de março, o caçula de Dorival Caymmi esteve envolvido, ao longo da trajetória, em trabalhos de vários expoentes da música mineira. Gente como Wagner Tiso, Beto Guedes, Toninho Horta e Lô Borges, além do já citado Milton. Vale dizer que o single “Travessia” ganhou uma capa. Na verdade, esta reproduz a imagem de um óleo sobre tela do próprio Danilo Caymmi. Como se sabe, o carioca também exibe talento nas artes plásticas.
“Gravei de uma maneira bem pessoal”, conta Danilo Caymmi. “E acho que o nosso querido amigo Milton Nascimento vai gostar muito”, pontua. Cumpre frisar que o disco “Andança 5.5” foi gravado no estúdio Boca do Mato, no Rio de Janeiro. A mixagem ficou a cargo do engenheiro de som Daniel Sili.
Repertório
Além das duas pérolas citadas, o novo disco de Danilo Caymmi traz várias outras preciosidades. A começar das já citadas “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores” e “Sabiá”, da mesma edição na qual “Andança” emergiu. Além dessas quatros composições, o álbum traz, por exemplo, “Bom Dia” (Nana Caymmi e Gilberto Gil). Tal qual, “Pra Dizer Adeus”, de Edu Lobo e Torquato Neto. E, ainda, “Eu a Brisa” ((Johnny Alf) e “Viola Enluarada” (Marcos Valle e Paulo Sergio Valle).