
Um dos ambientes da encantadora Casa Belloni, em foto de Iris Perigolo
Situada na Avenida João Pinheiro, a Casa Belloni, para além da comida, se destaca também por seus belíssimos ambientes
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Já há um bom tempo a palavra “charme” vem sendo mundo afora agregada a opções de hospedagem. Uma maneira de primeiramente traduzir o que o movimento aponta seria pensar em hotéis menores, em vez de filiais de grandes redes. E com uma decoração que foge às léguas do impessoal. Todavia, o conceito tem sido aplicado com excelentes resultados também no que diz respeito à culinária, por meio de estabelecimentos com um número mais limitado de mesas. No final do ano passado, em BH, este time ganhou um reforço e tanto com a inauguração da Casa Belloni.
Localizada na avenida João Pinheiro, 287, quase esquina com a rua dos Timbiras, a Casa Belloni, assim, se junta a outras opções da cidade que chamam a atenção não só pelos pratos que oferecem, mas também pelo ambiente. Curiosamente, muitos desses estabelecimentos se norteiam, em primeiro lugar, pela tal decoração afetiva. Logo, composta por utilitários e objetos de adorno garimpados no acervo das próprias famílias ou em brocanterias.

Em uma das postagens iniciais do Instagram da Casa Belloni, as proprietárias trataram de mostrar, assim, aos seguidores, peças que foram especialmente garimpadas para serem usadas por lá. A própria Iris Perigolo, uma das duas sócias, junto a Bárbara Belloni, traduziu, no post, a proposta da escolha das xícaras e pratinhos encantadores: “O café que te abraça”.
Para se sentir em casa
Ah, sim. A palavra “casa”, agregada ao nome do estabelecimento, também faz todo o sentido, e pode ser vista como uma tendência que espelha a vontade de fazer com que o cliente se sinta mesmo em uma, na acepção do termo. Nesta linha, além da Belloni, também figuram, por exemplo, as apaixonantes Casa Artô, Casa Outono e Casa da Floresta, entre outros.
Outros estabelecimentos afins à Casa Belloni, ainda que não levem a palavra destacada no nome, são o Copa Cozinha, o Zuzunely (na rua do Ouro) ou O Granulado. Mais uma vez, frisemos: entre outros.
Vamos, pois, à Casa Belloni. Ao Culturadoria, Iris Perigolo conta que a casa nasceu da ideia de duas mulheres “que queriam empreender na cidade belo horizonte”. Bárbara Belloni é um advogada, Iris, design de interiores. “A gente se encontrou e, assim, veio a ideia de transformar uma casa tombada em um bistrô um café. Uma casa que respirasse arte, cultura. E que fosse também um espaço de eventos”, conta ela.
No caso, tanto eventos corporativos quanto comemorativos. “Assim, é uma casa para ser feliz”, diz Iris.
Estilo neoclássico
Em estilo neoclássico, a construção de 1940 é tombada pelo patrimônio histórico. “Aliás, a Casa Belloni integra um conjunto de cinco casas localizadas ali, na Avenida João Pinheiro, que são tombadas e pertencem à mesma família”, revela. Vale dizer que, logo ao lado, está a Casa dos Quadrinhos – Escola Técnica de Artes Visuais.
A vontade de tocar um local que propiciasse encontros foi, também, fruto dos tempos de pandemia. “As pessoas estão carentes de encontros, não é? Encontros que podem ser, por exemplo, um chá da tarde gostoso. Aliás, a Casa Belloni tem um quintal, que pode ser aproveitado na parte da tarde, principalmente nesta época de frio”, diz Iris.

Mas sim, além do café e do chá, a casa oferece ótimas opções de almoço ou mesmo opções para refeições ligeiras – no dia da nossa visita, a reportagem pediu um prosaico queijo quente, mas, garantimos, estava de ouvir os violinos ao fundo, de tão cremoso.

Uma curiosidade: Iris salienta que 70% do público que frequenta a Casa Belloni no final da tarde é formado por mulheres – muitas, acima dos 40 anos, que vão até lá a fim de encontrar as amigas.
No almoço
No entanto, ela ressalta que a casa já tem um público muito fiel, e desde a abertura. “São pessoas que vêm aqui na hora do almoço, para experimentar os pratos executivos”, diz.

São profissionais que trabalham nos vários bancos situados no entorno ou, então, em instituições como o CDL e em outras empresas. “Há inclusive aqueles que procuram um lugar gostoso para fazer reuniões mais breves no pós-almoço. Aqui, na Casa Belloni, temos algumas salas climatizadas na parte de cima, nas quais também há mesas”, localiza Iris.
Exposição
Atualmente, a Casa Belloni está abrigando a exposição de Ricardo Carvão Levy, artista nascido em Belém do Pará, mas radicado já há alguns anos em BH. Sua obra acontece em dimensões distintas: no ambiente íntimo ou no espaço público.
Mais recentemente, passou a abrigar o projeto Jardim Musical, junto à jornalista, escritora e produtora cultural Márcia Francisco. “Está sendo um orgulho para todos nós (o projeto), porque a casa tem uma acústica maravilhosa. E é uma iniciativa na qual as pessoas que vêm querem de fato para escutar música, ouvir. Isso é muito importante”.
O projeto teve início com dois veteranos que dispensam apresentações: Célio Balona e Clóvis Aguiar. Depois, se apresentaram Tabajara Belo e o Trio Amaranto.

“Temos muitos projetos pela frente. Um deles, para agora, é a nova exposição, que vai substituir a do Ricardo Carvão. Temos dois nomes muito bacanas”, avisa Iris.

“Quando ao Jardim Musical, vamos dar continuidade a ele. Temos mais dois projetos bem bacanas, vou revelar um deles: a gente vai ter um empório mineiro, no espaço da garagem, que vai oferecer vários produtos locais. Souvenirs para quem sobe rumo à Praça da Liberdade ou está descendo. A praça, que é este ponto tão turístico da cidade”.
Os chefs
A cozinha da Casa Belloni é comandada por uma dupla talentosa: Washington e Camilo. Perguntada sobre o prato que mais tem feito sucesso, Iris revela que o especial do espaço, no quesito almoços, é o filet mignon na cama de batatas ao murro com molho de geleia de jaboticaba. Já o café é o Casa Belloni. “Ele é maravilhoso! Vem numa canequinha antiga e leva uma trufa”.

Em tempo: dentro do Projeto Jardim Tropical, a próxima atração é Tadeu Franco, que se apresenta na quinta-feira, dia 1º de junho. Os ingressos, porém, já estão esgotados.
