
A cantora Carminho, que divulga seu sexto disco, "Portuguesa" (Fernando Tomaz/Divulgação)
Na capital mineira, a cantora portuguesa Carminho se apresenta no dia 1º de setembro, no Sesc Palladium
A cantora portuguesa Carminho volta ao Brasil no segundo semestre deste ano a bordo de sua nova turnê, que, cumpre frisar. inclui uma apresentação na capital mineira – precisamente, no dia 1º de setembro, no palco do Sesc Palladium.
O novo show de Carminho tem como base o seu mais recente disco, “Portuguesa”, no qual ela versa sobre a identidade tanto do fado quanto de si. De acordo com o material de divulgação da turnê, a escolha do título resume a forma como a cantora olha para a poesia, para a palavra e para a língua portuguesa. Do mesmo modo, como se percebe enquanto mulher e enquanto artista. Assim, consequentemente, o repertório deságua na forma como Carminho lida e se doa ao fado.
Opção pelo fado
A música que abre o álbum é “O Quarto (Fado pagem)”, composição de Alfredo Marceneiro. Já a letra, de autoria da própria Carminho, reverbera a busca por suas raízes e pelas origens do fado – estilo musical que a conquistou.
Com apenas 12 anos, Carminho cantou pela primeira vez no palco do Coliseu dos Recreios, em Lisboa, e, ali, não teve mais dúvidas: pertencias ao fado. “Os meus amigos não entendiam muito bem por qual motivo eu cantava fado. Mas foi graças a ele que pude criar uma identidade. E, assim, fui ganhando confiança e assumindo quem eu sou”, conta a cantora.
Turnê
Sexto disco da fadista, “Portuguesa” passa por cinco cidades brasileiras a partir de 26 de agosto: São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Ilhabela. O primeiro show, na Sala São Paulo, contará com os acordes sinfônicos da Orquestra Jazz Sinfônica e com a participação do cantor Silva.
Formação
A identidade que permeia as músicas de Carminho atravessa fronteiras geográficas e familiares. Filha da conceituada fadista Teresa Siqueira, Carminho nasceu no meio das guitarras e das vozes do fado. Ao mesmo tempo, ao longo da vida criou uma profunda relação com a música brasileira, que já lhe rendeu grandes amizades e parcerias com nomes como Chico Buarque, Caetano Veloso, Marisa Monte e Milton Nascimento. Não bastasse, um álbum inteiro cantando Tom Jobim.
“Algumas das minhas maiores referências são sem dúvida a minha mãe, as também fadistas Beatriz da Conceição e Amália Rodrigues, mas também outros artistas fora do fado. Nomes como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Caetano Veloso, Chico Buarque, Lou Reed, Leonard Cohen, os Beatles e Queen, comenta.
Relação com o Brasil
Carminho veio ao Brasil pela primeira vez aos 19 anos, e desde então vem criando uma relação de pertencimento com o país, com o povo e com a língua, que lhe é comum. “Cantar no Brasil, para mim, é cantar em casa. Eu sinto-me em casa, sinto-me recebida. Tenho muitos amigos, tenho lugares onde vou porque já são ‘meus’ de alguma maneira. Fazem parte da minha rotina. Assim, isso faz com que nós consigamos construir um universo nosso, no qual não nos sentimos só visitantes: sentimo-nos parte”.
A intérprete prossegue: “E é isso que eu sinto porque a língua nos abraça. Mas, sobretudo, porque tenho um olhar curioso e apaixonado pelo fado. Do mesmo modo, por aquilo que tem acontecido com os meus concertos nas várias cidades por onde passo. Fico muito orgulhosa e feliz”, assume.
Parceria com Marcelo Camelo
O disco “Portuguesa” traz uma parceria de Carminho com Marcelo Camelo: a música “Levo o Meu Barco no Mar”. “Marcelo Camelo é um dos compositores da língua portuguesa que eu mais admiro. Tive o privilégio de poder partilhar vários momentos de composição e de procura por uma canção. Na verdade, foi ele quem me enviou esta canção, porque sentiu que seria para mim”.
De acordo com Carminho, a construção do repertório tem a ver também com o gosto, com a linguagem, com o imaginário. Assim, não necessariamente precisa ser um fado tradicional na sua estrutura mais técnica. “Há muitas canções que são fados reais, e, para mim, esta, por exemplo, é um grande fado. Digo não só pela forma como foi produzida, mas sobretudo pela essência que já tinha. Essência de superação e de persistência”, define a cantora.
A letra diz: “No canto escuro da noite /No seio desta madrugada
Sou esta canção e mais nada / Encontro um caminho pra ir
Levo o meu barco no mar”
Hino transatlântico
Para a artista, a música é um hino transatlântico, que conecta continentes. E é justamente no caminho entre esses portos que ela tem interesse. Assim, esse olhar para estilos musicais diferentes do fado fez com que ela adotasse novas referências no seu repertório, criando uma identidade única. E que se comunica com diferentes gerações. “Acredito que a geração atual acaba acompanhando algo antigo através do que está sendo feito agora. Penso ser uma ponte, não o destino”, analisa.
Assim, Carminho espera que, a partir de seu trabalho, os jovens passem a conhecer o que veio antes: o fado tradicional.
“Portuguesa”, o disco
O álbum “Portuguesa” conta com 14 composições, sendo várias com letras e músicas de Carminho, entre outros autores. A compositora e intérprete assume a produção do álbum, bem como a composição de fados tradicionais originais.
Assim, parte de poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen, David Mourão-Ferreira ou Manuel Alegre, mas também de Marcelo Camelo, Luísa Sobral, Joana Espadinha e Rita Vian. O trabalho gráfico foi realizado por Giovanni Bianco. “Tive a grande alegria de perceber que, na verdade, a maioria dessas canções foram escritas por mulheres. E tenho muita admiração por todas elas”, comenta a artista.
Serviço
Datas da turnê no Brasil:
26/08 – São Paulo – Sala São Paulo – Orquestra Jazz Sinfônica e participação do Silva (ingressos esgotados)
30/08 – Porto Alegre – Teatro Bourbon Country
31/08 – Rio de Janeiro – Vivo Rio
01/09 – Belo Horizonte – Sesc Palladium
02/09 – Ilhabela (SP) – Teatro Vermelhos