“Carmen - Espetáculo de dança e música” estreia no Palácio das Artes - Culturadoria

"Carmen" ocupa o Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (Paulo Lacerda/Divulgação)

Corpos estáveis da FCS se unem no palco do Grande Teatro Cemig para encenar uma das obras mais instigantes do universo operístico, “Carmen”

A Cia de Dança Palácio das Artes (CDPA), o Coral Infantojuvenil do Palácio das Artes, o Coral Lírico de Minas Gerais e a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais apresentam “Carmen – espetáculo de dança e música”. O espetáculo ocupa o Grande Teatro Cemig Palácio das Artes de 19 a 22 de dezembro, às 19h. A direção geral e coreografia são de Luiz Fernando Bongiovanni, com assistência coreográfica de Vitor Rosa e direção musical e regência de Ligia Amadio.

O espetáculo se inicia com a apresentação do Coral Infantojuvenil Palácio das Artes, do Coral Lírico de Minas Gerais e da Orquestra Sinfônica, sob a regência da maestra titular Ligia Amadio. Juntos, eles vão executar trechos da célebre ópera “Carmen”, de Georges Bizet. A obra conta a história da personagem-título, uma cigana sedutora que luta pela liberdade de tomar suas próprias decisões e amar quem quiser. Ao conhecer Don José, a protagonista acaba enfrentando o amor possessivo que ele nutre por ela. Três árias se tornaram clássicas: “L’amour est un oiseau rebele” (também conhecida como Habanera), “Toureador” e “Seguidilla”.

Segunda parte

Na segunda parte, a Companhia de Dança Palácio das Artes subirá ao palco, sob a direção geral e coreografia de Bongiovanni. Assim, vão apresentar a versão de “Carmen” de Rodion Shchedrin. Reconhecido por seu trabalho inovador e pela capacidade de unir diferentes linguagens artísticas, o coreógrafo traz uma visão contemporânea para a obra. Nesta montagem, ele traz uma visão inovadora da criação de Bizet. Desse modo, reinterpreta a paixão e o drama da história através de movimentos coreográficos que capturam a essência dos personagens e suas emoções.

A obra original

A obra original é uma ópera em quatro atos do compositor francês Georges Bizet, com libreto de Henri Meilhac e Ludovic Halévy, baseado no romance homônimo de Prosper Mérimée. A montagem estreou em 1875, no Opéra-Comique de Paris. No entanto, não foi bem recebida pelo público e crítica. Isso porque a narrativa se afastava de outras tramas tradicionais da época, justificando a aversão dos franceses. Após uma apresentação em Viena, em outubro do mesmo ano, a produção foi bem recebida e, assim, reconhecida.

Os eventos de Carmen acontecem na Espanha do século XIX. A personagem-título é presa por Don José após uma confusão na fábrica de cigarros em que trabalhava. Para se ver livre, Carmen seduz o militar, que é preso por permitir que ela fugisse. Tempo depois, os personagens encontram-se novamente. Assim, Don José deserta do exército para viver seu amor. Porém, fica obcecado por ela. Diante do ciúme desmedido, Carmen o rejeita e se apaixona pelo toureador Escamillo. O ex-militar implora para que Carmen reate o relacionamento e a ameaça. No entanto, ainda assim ela o recusa. Em um final dramático, ele, então, a esfaqueia.

Atualidade

Sônia Pedroso, diretora da Cia. de Dança Palácio das Artes, comenta sobre o caráter contemporâneo que a história de Carmen proporciona. “A ópera fala sobre o feminicídio, um assunto extremamente atual. O mais interessante é trazer a contemporaneidade nessa obra, de dois séculos atrás, porque ela aborda um assunto que ainda é da nossa época e se estende por muito tempo. Além disso, a narrativa trata sobre as relações, uma situação cotidiana, de sempre”, define.

O coreógrafo Luiz Fernando Bongiovanni ressalta que a discussão sobre o feminicídio foi um dos motivos que levou à escolha da produção. “’Carmen’ atende requisitos que acho fundamentais no processo de trabalho de companhias oficiais. Por um lado é um diálogo com a tradição, seja a partir do texto de Prosper Mérimée, seja da ópera de Bizet. Ambas as obras são parte de uma tradição ocidental a respeito do assunto que se torna um segundo ponto importante, o desejo de endereçar a questão do feminicídio, no mundo e no Brasil”.