Jornalista, romancista, cronista e contista, Carlos Herculano Lopes ocupará a cadeira de nº 37 na Academia Mineira de Letras
Nesta quinta-feira, 22 de fevereiro, a Academia Mineira de Letras elegeu o mais novo integrante: Carlos Herculano Lopes. Desse modo, o jornalista, romancista, cronista e, tal qual, contista mineiro, nascido em Coluna, ocupará a cadeira de nº 37 da AML. Segundo a comissão de apuração, formada pelos acadêmicos Jacyntho Lins Brandão e J. D. Vital, bem como a gestora da Academia Inês Rabelo, o escritor disputou o título com outros sete candidatos. Contudo, foi eleito pela maioria: foram 27 votos e dois brancos.
Primeiramente, vale situar que a cadeira de nº 37 foi fundada por Olympio Rodrigues de Araújo. Além disso, ela tem como patrono Manoel Basílio Furtado. Nesse meio tempo, já foi ocupada por Affonso Aníbal de Mattos, Edgard de Vasconcellos Barros e, mais recentemente, por quase 20 anos, pelo poeta e contista mineiro Olavo Celso Romano, falecido em novembro do ano passado.
Elogios
O presidente da Academia Mineira de Letras, Jacyntho Lins Brandão, entende que Carlos Herculano Lopes chega à Academia Mineira de Letras com três principais credenciais. Primeiramente, a de ficcionista, com contos e romances. A isso, prossegue, se soma a atuação como jornalista, numa produção como cronista extensa e variada. “Finalmente, não se pode esquecer a atuação dele como roteirista para o cinema. Assim, a eleição enriquece a Academia em todas essas dimensões”, comenta.
Ainda sobre o novo integrante da AML, a vice-presidente da Academia, Antonieta Cunha, acrescenta que Carlos Herculano é um mestre da ficção. “Dessa forma, os contos e romances dele delineiam fatos e personagens em alta tensão. Nesse sentido, são facilmente levados, e com sucesso, para a televisão e para o cinema”.
Sobre Carlos Herculano Lopes
Carlos Herculano de Oliveira Lopes nasceu em 23 de outubro de 1956. Chegou a Belo Horizonte em dezembro de 1968, com 11 anos. O primeiro emprego na capital mineira foi como auxiliar administrativo, na Prefeitura de Belo Horizonte. Nesse meio tempo, passou a estudar jornalismo na FAFI/BH. Assim, logo começou a trabalhar na Editoria de Pesquisas do jornal Estado de Minas (precisamente, em 1979). Lá, permaneceu por vários anos como repórter. Tal qual, durante 14 deles, assinou uma crônica semanal no caderno de Cultura.
O primeiro livro por Carlos Herculano publicado foi “O Sol nas Paredes”, de contos, em 1980. A ele seguiram-se vários outros, como o romance “A Dança dos Cabelos”, que angariou os prêmios Guimarães Rosa e Lei Sarney, como autor revelação de 1987. Tal qual, foi finalista do Prêmio Jabuti com “Sombras de Julho”. Outros livros de Herculano: “O Vestido”, finalista do Prêmio Jabuti, em 2005, e “O Último Conhaque”, cuja sétima edição deve sair em breve, pela Record. O livro de contos “Coração aos Pulos”, por sua vez, recebeu o Prêmio Especial do Júri da União Brasileira de Escritores.
E mais
Carlos Herculano também já lançou vários livros de crônicas. Do mesmo modo, participou de 15 antologias, sendo uma na Argentina e a outra, no Canadá. Alguns dos romances dele foram traduzidos para o italiano. Ainda este ano, 200 crônicas do escritor e jornalista, selecionadas entre as cerca de 1.500 publicadas no Estado de Minas, serão lançadas, em um único volume, com organização do escritor Jacques Fux.
Cinema
Carlos Herculano Lopes também teve obras adaptadas para o cinema, como “Sombras de Julho”, que foi filmado por Marco Altberg, em 1995. Bem como “O Vestido”, filmado por Paulo Thiago, em 2007. No elenco, aliás, estavam as atrizes Gabriela Duarte e Ana Beatriz Nogueira. Outro romance dele, “Poltrona 27”, foi transformado em minissérie também por Paulo Thiago, para o Canal Brasil (em 2017). A obra também foi finalista do Prêmio Portugal Telecom, em 2012.
Acervo
Em 2010, com apoio do professor Wander Melo Miranda, o autor doou todo o acervo acumulado durante mais de 40 anos para o Acervo dos Escritores Mineiros da UFMG. Carlos Herculano Lopes é casado com a médica Adrianne Mary Leão Sette e Oliveira, com quem vive em Belo Horizonte. Atualmente divide o tempo entre a literatura, o estudo da história brasileira, com a qual é fascinado desde a adolescência, e uma pequena fazenda de criação de gado, que mantém em Coluna.