
'Projeto Maravilhas'. - Raquel Carneiro/Divulgação -
Há 45 anos na agenda de BH, a Campanha de Popularização Teatro e Dança é um dos mais importantes projetos de fomento à cultura na cidade. Hoje, mesmo com sua popularidade, ainda sofre para captar recursos em tempos de incertezas na cultura. Neste ano, mesmo com todos os esforços, terá 29 espetáculos a menos que em 2018. Como sempre, muitas reprises. No entanto, no cardápio de 2019 tem estreias bem interessantes.
Serão 166 peças em BH, Betim, Contagem, Nova Lima e Sete Lagoas. Uma novidade é a expansão das ações para Ribeirão das Neves e a extensão da programação de stand up. Dessa forma, serão 10 noites dedicadas a este formato de comédia. As sessões serão realizadas na Biblioteca Pública Minas Gerais e no Teatro Estação Cultural. Cada edição terá quatro humoristas que se revezarão nos microfones.
A Campanha
A chamada ‘Campanha das Kombis’ surgiu em 1971 no Rio de Janeiro e veio para BH em 1973. Tinha como foco levar e promover a arte cênica para a população. Os ingressos eram vendidos em kombis, daí o apelido. “Ao longo dos anos, o projeto foi ganhando mais forma e espaço. Senso assim, ganhou o nome de Campanha. Não há projeto de teatro com tanto tempo de duração no país. Mesmo enfrentando tantas dificuldades estamos muito felizes”, afirma Rômulo Duque, presidente do Sindicato dos Produtores de Artes Cênicas de Minas Gerais, o Sinparc.
Na programação desta edição estão muitos veteranos e estreantes. Em BH, 55 montagens se apresentarão pela primeira vez no evento. A maior parte faz parte da ‘Campanha Mostra’, que é dedicada para dar espaço a espetáculos mais autorais. Essas montagens serão apresentadas na Funarte e no CCBB. Um dos requisitos para entrar na programação é que elas sejam inéditas na mostra.

Foto: Fernando Barbosa e Silva
Crise na cultura
Na cerimonia de abertura da Campanha, além de falar sobre o projeto e apresentar a propaganda oficial, Rômulo Duque ressaltou a importância da nomeação de Paulo Brant para a Secretaria Estadual de Cultura. Ele também defendeu a permanência da Lei Rouanet e disse estar triste pelo fim Ministério da Cultura. “Não é um privilégio dos artistas terem incentivo fiscal, pois todos os setores possuem. A cultura é uma atividade econômica que gera riqueza para o país. Sendo assim, Rouanet precisa ser aprimorada. Nós precisamos nos abraçar e lutar”, defendeu.
É preciso resistir
Dessa maneira, o fim do Ministério da Cultura foi o assunto mais comentado no evento. Para o ator Leo Quintão, em cartaz na campanha com o espetáculo ‘Um pouco de ar, por favor’, a decisão de presidente Jair Bolsonaro é um choque e um peso para a classe artística. “Mesmo assim, não vamos deixar de produzir. Eles não sabem da força dos artistas. Sempre resistimos e vamos continuar”, afirmou.
A atriz e produtora Eloísa Duarte enxerga a crise na cultura como um período que a classe artística precisa resistir. Segundo ela, campanha é uma forma de fazer isso. “O evento é importante para o fomento e fortalecimento. Mostrar que vamos resistir, porque a arte não acaba nunca”. Segundo o ator Bremmer Guimarães, é preciso que a classe artística esteja unida e ocupe os espaços. Sendo assim, é esse o tema do Espetáculo ‘Projeto Maravilhas’, do qual o ator faz parte do elenco. “É preciso dialogar e expandir em tempos de tantas polaridades”, afirma.
Os ingressos dos espetáculos custam R$10, R$15 e R$18. Eles podem ser comprados nos postos do Sinparc ou no site. Nesta edição, o evento ainda contará com apresentações gratuitas na rua e palestra com o tema ‘O Teatro e sua influência na formação social e na Economia Criativa’. Clique aqui para conferir a programação completa.