Menu
Agenda Cultural

Adriana Calcanhotto traz show de novo disco, “Errante”, a BH

Adriana Calcanhotto, que traz o show "Errante" à capital mineira (Leo Aversa/Divulgação)

Adriana Calcanhotto, que traz o show "Errante" à capital mineira (Leo Aversa/Divulgação)

A cantora e compositora Adriana Calcanhotto se apresenta com o novo repertório neste sábado (02/09), no palco do Sesc Palladium

Patrícia Cassese | Editora Assistente

Depois da belíssima e irretocável apresentação em homenagem a Gal Costa (“Gal: Coisas Sagradas Permanecem”), que teve o Minascentro como palco (precisamente, no dia 7 de maio), a cantora e compositora Adriana Calcanhotto volta à capital mineira a bordo do repertório de seu mais recente álbum, “Errante”, lançado pela gravadora alemã Modern Recordings. O show será neste sábado (02/09), a partir das 21h, no palco do Sesc Palladium.

Lançado em março de 2023, “Errante”, 13º álbum da carreira da artista, foi gravado nos meses de novembro e dezembro de 2021, no estúdio da gravadora Rocinante, em Araras, região serrana do Rio de Janeiro. Já a turnê teve como ponto de partida a cidade de Coimbra, em Portugal. Lá, Adriana Calcanhotto se apresentou no dia 24 de maio, no Convento São Francisco.

Início de turnê

No Brasil, o primeiro show foi em Porto Alegre, terra natal da artista. “A turnê começou pelos começos: duas cidades importantes para mim, Coimbra e Porto Alegre. Na verdade, é assim: a estrada a gente sabe onde começa. E ponto (risos). E é isso que tem acontecido, os shows estão sendo muito legais, a interação com a banda é incrível. As pessoas percebem isso e são contaminadas por isso. Os shows têm uma energia única”, afiança Adriana Calcanhotto.

A artista lembra que, em Porto Alegre, o palco que a acolheu foi o do Teatro São Pedro. “Que, aliás, é um lugar maravilhoso. Interessante que, daí, fizemos alguns festivais. Assim, teve festival com palco pequeno, com palco grande… Enfim, já meio que de tudo um pouco, sabe, em termos de configuração. E isso dá um azeitamento para o conjunto. Assim, nesse momento, a gente está tocando muito solto. Bem, na verdade, desde sempre é assim, mas é que chega um momento em que a gente até para de pensar. Já decorou tudo. E, então, só se diverte. Tem muito improviso, é muito espontâneo. Assim, tá um barato, só melhora”, brinda Calcanhotto.

O disco

Recheado de canções inéditas (11, ao todo), “Errante” sucede “Só”, lançado há três anos. O repertório se inicia com “Prova dos Nove”, seguindo até o desenlace, com “Nômade”, faixa que traz referências a Gilberto Gil e à artista Lygia Clark (1920-1988). “Primeiramente, gravei o disco com canções que eu tinha guardadas, inéditas. Eram 18, ao todo. Gravei e fui ouvindo (o resultado). E foi escutando-as que escolhi as que ficaram no álbum. Ou seja, uma peneira foi sendo feita. E enquanto foi feita essa peneira que passei a entender o recorte (sonoro do álbum), que é o de movimento, de estrada. De itinerância, de errância”.

O nome “Errante”, porém, prossegue Adriana Calcanhotto, veio bem depois. “Mesmo eu tendo entendido mais ou menos o recorte, o nome demorou. Quem me ajudou nessas conversas de nome e tudo mais foi o (poeta) Eucanaã Ferraz. E uma vez que veio esse nome, começou um caminho, assim, para a (construção da ) imagem. Mas também demorou, não veio imediatamente”, comenta ela.

Conceito

Na etapa seguinte, portanto, foi a vez de Adriana Calcanhotto se reunir com Emílio Rangel, responsável pela parte gráfica. “Eu entreguei a ele os meus passaportes e falei: ‘Eu acho que são cadernos que têm intervenções gráficas, de cor, e que são do acaso. Porque cada país tem um formato de carimbo próprio. Um é oval, outro, por exemplo, redondo, ou, ainda, triangular… E um é verde, outro vermelho… E ali vão acontecendo coisas que a gente não controla, de estar na estrada, de estar em movimento. Mas isso tudo foi me aparecendo, foi se revelando, vamos dizer assim, de um modo oposto a talvez (o modo que precede a gravação da) a maioria dos meus álbuns, que, em geral, têm um conceito anterior”, elucida ela.

Ou seja, Adriana lembra que, quando começa a se movimentar, a escolher as canções para um trabalho, meio que já sabe do que está falando. “Então, foi interessante. Divertido (este outro processo)”, resume, simpática.

Referências

Perguntada sobre as várias referências que se espraiam no curso do disco, ela comenta: “Como sempre, no meu trabalho, as referências às vezes são mais explícitas, às vezes menos. Dentro das canções, posso citar ‘tu me ensina a fazer renda’, e tem coisas como a frase do Gilberto Gil, ‘Não há o que não dê trabalho’. Agora me escapa outras, mas, enfim. O trabalho é sempre permeado por essas referências, e, na verdade, elas vão gerando outras referências, e elas vão se escolhendo também. Na canção ‘Nômade’, aqui, no caso, tem esses dois artistas que são muito importantes na minha formação, que usam essa frase, pensam desse jeito, ‘a casa é o corpo’. (Usaram) em situações completamente diferentes, por dois vieses completamente diferentes”. O trabalho “A Casa é o Corpo: Penetração, ovulação, germinação e expulsão” feito por Lygia Clark em 1968.

O show

No palco, Adriana Calcanhotto estará na ótima companhia dos músicos Domenico Lancellotti (bateria), Guto Wirtti (baixo acústico), Jorge Continentino (saxofone, flauta e teclados), Diogo Gomes (trompete e flugelhorn), Marlon Sette (trombone) e Pedro Sá (guitarra).

Nesse show, vale dizer, Adriana Calcanhotto optou por não tocar violão, como de praxe. E explica: “Eu acho que se deve principalmente por causa da presença do naipe de sopros no show. Tendo trombone, trompete, flugel e, no caso, o Jorge Continentino, que é o terceiro (instrumentista do naipe), ele toca flauta, toca clarinete, saxofone – e olha que, fora do naipe (de sopros), ainda toca teclado – e toca ocarina, diversas flautas, toca pífano. Porque eu entendo que a soma do power trio, que é uma formação da qual eu gosto muito, que é guitarra, baixo e bateria; somado ao naipe de sopros… Isso é muito rico. Assim, eu não sinto necessidade de tocar o violão. Parece que o desenho da minha batida de violão, ou a essência dele, está posta com essa formação. Então, não tocando, eu consigo curtir, ouvi-los melhor. E ouvindo eles e cantando. Acho que, assim, eu fruo melhor, desfruto melhor da banda”.

“Estou chegando aí”

A pergunta indefectível fica para o final: sim, aquela mesmo. A relação da artista com a capital mineira. Claro, uma demanda que não poderia ficar de fora. “Bom, BH é uma cidade que está desde o comecinho da minha carreira me dando sorte. Essa é a minha relação com BH (ri). Mas, falando sério, é uma coisa impressionante, assim. E aí, estou indo de novo! E cada vez que eu vou, não preciso explicar nada. Então, estou chegando aí. Parece que foi ontem que estive em BH. E vou continuar do ponto em que a gente parou. Chegando com ‘Errante’, do jeito que ele está agora – que, vou falar, está muito bom de fazer”, encerra ela, toda atenciosa.

E mais

Confira, a seguir, outras informações, neste caso, fornecidas pela assessoria de Adriana Calcanhotto

A estilista Dani Jensen – que adota o pseudônimo artístico Inhu – assina o longo vestido branco no qual a cantora se apresenta. Adriana exigiu apenas que uma bolsa fosse acoplada ao figurino, de modo a simbolizar a ideia de itinerância presente em todo o espetáculo.

O espetáculo “Errante” inclui um pedacinho do show “Gal: Coisas Sagradas Permanecem”. Assim, no repertório, estão as canções “Livre do amor” e “Esquadros”, ambas de autoria de Adriana Calcanhotto, e gravadas por Gal Costa.

No disco, Adriana Calcanhotto tocou violão. Os músicos que a acompanharam foram: Alberto Continentino (baixo, piano e lira), Davi Moraes (guitarra e violão) e Domenico Lancellotti (bateria e percussão), com o reforço dos sopros de Diogo Gomes, Jorge Continentino e Marlon Sette.

Serviço

Adriana Calcanhotto

Neste sábado, 2 de setembro, às 21h

Sesc Palladium (rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro)

Ingressos: na bilheteria do teatro ou pelo Sympla. A partir de R$ 50 (valor da meia).

Conteúdos Relacionados