Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Cine Humberto Mauro comemora 40 anos com mostra de Buster Keaton

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O grande cara de pedra ou o homem que nunca ri. Famoso pela agilidade acrobática e um dos grandes propulsores do cinema mudo. Este é Buster Keaton, quem marca o início das comemorações dos 40 anos do Cine Humberto Mauro. A mostra que resgata a história do artista ocupa o espaço até o dia 29 de março. Serão exibidos mais de 50 filmes com sessões diárias. Para a montagem, a produção teve que importar produções dos Estados Unidos e trabalhar com restaurações.
“Procuramos organizar um evento muito completo e conseguimos uma boa representação da carreira do diretor. Os filmes que foram escolhidos mostram toda a trajetória do Keaton. Temos trabalhos dele como diretor, convidado, personagem e artista. Os longas e curtas são cópias com a melhor dimensão do cinema enquanto estética, algumas projeções em 4K e alta definição. Trabalhamos com arquivos restaurados e importados, tudo para garantir uma mostra mágica”, explica Bruno Hilário, gerente do Cine Humberto Mauro e um dos curadores da Mostra.
Buster Keaton foi escolhido para dar início as comemorações de 40 anos do Humberto Mauro por ser um artista completo e um dos mais conhecidos. “O trabalho dele remete bem ao cinema, além de ser um personagem cativante. Ele ditava regras e inovava no cinema, trazendo as gags, os números de comédia, bem amarrados dentro da narrativa. Com a mostra dedicado a Keaton a gente homenageia a história e a vocação dele. Além disso, sua performance encontra ecos no cinema contemporâneo, em figuras como Jerry Lewis, Petter Salles, Jacques Tati e até mesmo em Jackie Chan”.

Espaço histórico

A mostra além de homenagear o cineasta também dá às honras a história do Cine Humberto Mauro. Ele iniciou as operações como um cineclube, dentro do Palácio das Artes, com exibições aos sábados e domingos. Hoje, após inúmeras reformas e adaptações, o cinema conta com uma sala mas intimista. São 129 lugares, com tecnologia moderna capaz de exibir filmes em 3D e 4K.
O Cine foi inaugurado em 15 de outubro de 1978 e seu nome homenageia um dos pioneiros do cinema brasileiro, o mineiro Humberto Mauro. Antes de sua inauguração, as sessões de cinema do Palácio das Artes eram realizadas aos sábados e domingos, no Grande Teatro. Atualmente a sala de cinema localiza-se em frente à Galeria Genesco Murta e ao lado do Café do Palácio.
O espaço é conhecido como um local de formação de novos públicos a partir de programação diversificada, bem como à criação de mecanismos de estímulo à produção audiovisual. Com sessões diárias e de graça o Cine Humberto Mauro recebeu mais de 70 mil pessoas em 2017.
No encerramento da mostra a sessão voltará para o Grande Teatro. No dia 29 de março haverá exibição especial de “The Railrodder” no Grande Teatro. A trilha será executada ao vivo por músicos convidados, alunos do Cefart e com composição do maestro André Brant. No mesmo dia tem o longa “A General”, o filme que mais deu trabalho para ser adquirido e compor a mostra. Ele será exibido em 4K. Também fazem parte da programação alguns dos trabalhos mais importantes do diretor, considerado um rival de Charles Chaplin, como “Nossa hospitalidade”, de 1923 e “Sherlock Jr.”, de 1924.
Buster Keaton em cena. Crédito: Assessoria de imprensa Palácio das Artes/ Reprodução de filme

A experiência da abertura

O que chama atenção no Cine Humberto Mauro é a diversidade do público. São senhores, crianças, adolescentes, artistas, acadêmicos e até moradores de rua que compõem a plateia do cinema. “A gente sempre se surpreende pela pluralidade de visitantes. Quando montamos uma mostra pensamos que ela será assistida por um determinado público e quando ela entra em cartaz, a nossa visão muda completamente. E isso que a gente quer, ter um espaço gratuito, de discussão, entretenimento onde todas as pessoas possam vir. Esse é o papel da arte e do cinema”, enfatiza Bruno.
Coube aos filmes “O Pesado”, “Nossa Hopitalidade”, “Sherlock Jr.” e “O Teatro” a abertura da mostra no dia 02 de março. A sala ia enchendo a cada sessão. Teve gente que foi ao Humberto Mauro exclusivamente para assistir Buster Keaton. Mas teve aqueles que são frequentadores rotineiros e aprovaram a homenagem. “Não conhecia o trabalho do Keaton, mas venho ao cinema toda semana. Gosto muito dos filmes mais antigos, por conta da música. Amei o filme “O Pesado” e voltarei para ver o resto da mostra”, disse a aposentada Marta Oliveira.
“Keaton é genial. Gosto do trabalho dele pois ele traz cenas perigosas e engraçadas, no estilo pastelão perigoso e elaborado. A mostra esta bem construída, mas critico a escolha do filme O Pesado para abertura. Ele é dramático e quem não conhece o trabalho do Keaton não capta o espírito das produções dele”, completou o jornalista Matheus Ferraz, fã do cineasta.

O Acrobata do Riso

Nascido em uma família de artistas, Joseph Frank Keaton Jr. era filho de Joseph Keaton, parceiro do famoso mágico Harry Houdini. Buster, que em inglês significa destruidor, foi o apelido que o ator ganhou de Houdini, após cair de uma escada quando bebê e não sofrer nenhum arranhão. O talento de Keaton se manifestou na infância, fazendo números cômicos com seus pais, confirmando sua presença cênica desde cedo.
Buster Keaton não obteve tanto sucesso quanto o expoente de sua época, Charles Chaplin, na transição do cinema mudo para o falado. Apesar disso, os dois contracenaram em “As Luzes da Ribalta”, de 1952, filme que também será exibido na mostra, e reanimou a carreira de Keaton, fazendo diversos filmes até sua morte, em 1966.
Longe do cinema, o ator continuou em outras mídias. “Se engana quem pensa que após os filmes Keaton se tornou um fracasso. Ele ainda fez muito sucesso no cinema falado e participou de inúmeros comerciais de televisão usando a imagem do seu personagem icônico”, explica Bruno Hilário.

Início da carreira

Buster Keaton iniciou sua carreira no cinema com curtas-metragens e, posteriormente, longas, em filmes mudos e falados, dirigindo e atuando em fins do século XIX. Uma de suas principais características era a capacidade de fazer humor por meio das gags (corrida, fuga, queda), utilizando de um personagem impassível, que sempre mantinha as mesmas feições diante dos fatos. Assim, Buster Keaton foi chamado pelos críticos de O grande cara de pedra ou O homem que nunca ri.
O Acrobata do Riso foi o título dado à a mostra por ser uma escolha menos óbvia. O nome de Keaton é sempre associado à figura do palhaço que não ri, mas a produção pensou em homenagear outros aspectos da carreira e de suas performances, que eram marcadas por fisicalidade, pelas acrobacias e movimentos. Além disso, os personagens de Keaton passam por peripécias, experiência circense e acrobata e da performance.

#FICAADICA

A mostra segue em cartaz até o dia 29 e a programação completa você confere no site da Fundação Clóvis Salgado. Por dia acontecem entre quatro e cinco sessões. Como os filmes são um seguidos do outro muita gente sai de um sessão e já vão para outra. Essa é uma boa opção para quem quer conhecer mais de um filme no mesmo dia. Ah, chegue no mínimo 30 minutos antes para garantir o ingresso.
As sessões do programa História Permanente do Cinema acontecem normalmente, toda quinta-feira, às 17h. Durante a Mostra, serão exibidos grandes clássicos da comédia, do cinema silencioso ao falado, buscando sempre uma relação com Buster Keaton. Todas as sessões serão comentadas.
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