
Foto: Phillipe Guimarães / Divulgação
A cena musical belo-horizontina esteve agitada neste mês de agosto. Três festivais mostraram que BH pode sim ter eventos de grande porte e a nível nacional. Se na semana passada o Sarará Sensacional chamou a atenção pelo número de público e atrações diversificadas, o Breve Festival, neste fim de semana, trouxe qualidade em produção e ecletismo na programação. Um evento que mostrou que o essencial agora é oferecer uma experiência mais ampla ao público e não mais apenas entretenimento.
Se no ano passado, em sua primeira edição, o Breve Festival despontou como um evento música alternativa, esse ano reafirmou o ideal e trouxe a BH diferentes nomes da música contemporânea brasileira. Uma mescla de ritmos que nos dias de hoje faz sentido. Dessa forma, produzir festivais é uma onda que veio para ficar. A tendência é reunir diversos artistas em um só lugar para atrair mais pessoas, e consecutivamente, lucrar. Deixar os eventos mais modernos e ‘gourmetizados’ também faz parte da nova vibe.
Mudanças
O Breve Festival investiu em uma programação para agradar gregos e troianos. De Pabllo Vittar a Caetano Veloso. Ainda nomes da música mineira como por exemplo, Julia Branco e Young Lights. Vinte e cinco atrações se revezaram entre dois palcos em dois dias de evento. Diferente de 2017, a organização do Breve decidiu que este ano o evento seria em dois dias. A escolha, segundo os organizadores, foi para deixar mais acessível e atingir mais pessoas.
De lá para cá, muita coisa mudou. O Breve quer ser referência nacional. Melhorou na produção, na ambientação, na estrutura e no set list. Dessa forma, proporcionou ao público experiências únicas. Entretanto, os debates sobre a música, presentes na última edição, não rolaram em 2018. Apenas BaianaSystem e a banda mineira Young Lights estiveram novamente no set list do evento.
Representatividade negra
O sábado, dia 25, foi marcado pelo encontro de Iza com Pabllo Vittar. As cantoras despontaram no cenário musical há pouco tempo e já são sucesso. Esta foi a terceira vez que Iza esteve na capital mineira. Foi a nona apresentação do primeiro dia de festival. Dessa forma, trouxe uma apresentação marcada pela representatividade negra. Seja como for, na letra das canções, com músicos e dançarinos negros, e show em tributo a artistas negros.
Iza é poderosa. Mostra sua força e voz potente no palco cercada de bailarinos e um back vocal de arrepiar. Cantou seus hits ‘Ginga’, ‘Esse brilho é meu’, ‘Pesadão e outros. A cantora agradeceu a recepção do público. Disse que estava machucada, com o joelho torcido, mas mesmo assim, fez questão de vir a BH. O show da cantora ainda foi marcado por tributo a personalidades negras, como por exemplo, Aretha Franklin, Alcione e Martin Luther King.

Caetano Veloso e os filhos Moreno, Tom e Zeca se apresentaram no último dia do festival – Foto: Enan Correia / Divulgação
Encontro memorável
Logo depois foi a vez de Pabllo Vittar subir ao palco do festival. Foi ovacionada. A drag é querida em BH, principalmente pelo público LGBT+. Já perdeu as contas de quantas vezes esteve na cidade, mas dessa vez, apresentou um show com melhor qualidade técnica e estética. Esteva rodeada de bailarinos, e uma delas que estava grávida chamou atenção pela performance. O show que Pabllo trouxe ao evento não foi tão longo. Alguns sucessos da cantora ficaram de fora do set list. Mas não deixou a desejar nem um pouco.
Ao som de ‘Indestrutível’ Pabllo levantou a bandeira LGBT+ e emocionou o público. No meio da plateia quem chamou atenção da drag foi a cantora Iza e seus dançarinos. Logo todos subiram ao palco e dançaram juntos ‘Open Bar’. A música foi uma das primeiras da artista e é uma versão brasileira de ‘Lean On’, de Major Lazer. Rolou ainda disputa de passinho entre os dançarinos das cantoras. Um encontro jamais visto.
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Caetano e filhos
No domingo, dia 26, quem roubou a cena foi o Caetano Veloso e os filhos. Mesmo com mais de uma hora de atraso o show foi o mais aguardado pelos fãs. Uma apresentação mais serena que deu uma quebrada no clima agitado do evento. Em suma, Caetano Veloso e os filhos Zeca, Tom e Moreno trouxeram para o Breve show do disco ‘Ofertório’. Segundo Caetano, a parceria com os filhos é de longa data. Aos nove anos Moreno e o pai fizeram a primeira música juntos. Desde então a parceria com os filhos só aflorou.
O talento pela música corre na veia da família de Caetano. É bonito de ver a versatilidade musical Zeca, Tom e Moreno. Enquanto Moreno faz som com diversos materiais, como por exemplo, folha de papel e prato de comer, Tom canta e reveza entre o teclado e outros instrumentos. O show é bonito e sereno. O público respondeu bem. Não é à toa que Caetano afirmou que os belo-horizontinos formam o melhor público do Brasil. Manifestações políticas também marcaram apresentação. ‘Lula livre’ foi gritado pelo público e Caetano logo respondeu com um ‘L’ feito com o dedo indicador e o polegar.
A medida que as canções eram interpretadas Caetano explicava o processo de criação delas. ‘Ofertório’, por exemplo, que dá nome ao disco, foi composta em homenagem a Zeca, Tom e a mãe de Caetano que são católicos. Tom e Caetano ainda arriscaram uns passos de dança no palco e o público foi à loucura. Um show bonito e emocionante. Esta foi a segunda vez que Caetano e filhos estiveram em BH. Da última vez o show foi no Palácio das Artes, em uma pegada mais intimista.
Pluralidade
Se apresentaram ainda no Breve Young Lights, Zeu, Djonga, Ed, Carne Doce, Julie & Gent, Mano Brown, Dede SantaKlaus, Disputa Nervosa, Devise, Tropkillaz, Naroca, Teach Me Tiger, JP, Dônica, Julia Branco, Luedji Luna, Rincon Sapiência, Loquaz, Daparte e, por fim, BaianaSystem. O evento este ano ainda inovou com a criação de uma linha de roupas e acessórios exclusivos de Festival. Ainda teve feira com produtores locais e diversas opções gastronômicas.
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