O filme brasileiro “Chama a Bebel” é protagonizado por Giulia Benite, que ficou conhecida por encarnar a Mônica, de Maurício de Souza, na telona
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Produção brasileira que entra agora em cartaz nos cinemas como uma nova (e boa) opção para quem está de férias, o filme infantojuvenil “Chama a Bebel” cita, logo nos momentos iniciais, um nome que é chave para entender o viés do longa-metragem: Greta Thunberg. O nome da ativista ambiental sueca é proferido por Seu João, avô de Bebel (Giulia Benite), a personagem principal do filme de Paulo Nascimento, que tem a classificação indicativa de 10 anos. A paulistana Giulia, 15 anos, você sabe, tornou-se conhecida em todo o Brasil por interpretar a Mônica, nas aventuras da personagem criada por Maurício de Souza levadas ao cinema com atores reais.
Bebel, no caso, é uma pré-adolescente cadeirante, que mora com a mãe, Mariana (a atriz Larissa Maciel) e o avô, o já citado Seu João (José Rubens Chachá), um pouco afastada dos centros urbanos. Para dar prosseguimento aos estudos, a menina precisa ir para a cidade grande. Lá, ela passa a morar com a tia, Marieta (Flávia Garrafa) uma mulher, digamos assim, desprovida dos sentimentos de afeto e empatia. É perceptível que ela acolhe a sobrinha de má vontade, inclusive menosprezando os cuidados que um cadeirante precisa ter – assim, sem um pingo de noção, a convida a entrar na casa pelas escadas de acesso.
Espinhos no caminho
Da mesma forma, a tia deixa claro que está acolhendo Bebel sem entusiasmo algum. No primeiro dia de aula, Bebel se dá conta de que as grandes cidades, contrariando a lógica, não estão muito preparadas para aqueles que necessitam de uma cadeira de rodas para a locomoção. Por sorte, ela arruma um amigo, Zico (Gustavo Coelho), que se prontifica a ajudá-la. Zico é um garoto que, em certo ponto do filme, confessa que nunca conseguiu estabelecer uma relação de amizade na escola – situação que finda com a chegada da luminosa Bebel.
Ocorre que nem tudo são flores também na escola. A indefectível turma das patricinhas da escola faz questão de deixar claro a Bebel que ela não é bem-vinda ali. Em dado momento, Rox, a líder da turma das meninas mais metidas, pergunta ao professor Denis (Rafael Muller) – também cadeirante – se os demais alunos da classe não serão prejudicados por conta da novata, já que ela, por ser do interior (nas palavras da menina), certamente estaria atrasada nos estudos. Este é apenas um exemplo.
Vocação para a liderança
Bebel, claro, percebe a hostilidade das colegas, mas não se deixa intimidar. Ao contrário, se revela uma das mais participativas das aulas, em particular, nas propostas que o professor incita os alunos a elaborarem visando melhorar o mundo. A torrente de ideias de Bebel, claro, desperta ainda mais a ira de Rox, que nem de longe quer perder o protagonismo que exerce na escola.
Importante frisar que, nesta turma, também está Roberto, ou simplesmente Beto (Antônio Zeni), o primo de Bebel. Ele, na verdade, deveria estar uma turma à frente, mas repetiu o ano – o que deixou a mãe, Marieta, furiosa. Na verdade, o garoto, de cabelos descoloridos, sonha mesmo é ser artista de rua. Mas o que ele vê como grafite, a mãe, desavisada que só, entende com “picho” – na visão dela, um crime, uma poluição visual.
Testes em animais, não!
No meio disso tudo, também entra em cena o ativismo animal. É que o pai de Rox (interpretado por Marcos Breda) é dono de um laboratório que utiliza cães para testes. A informação, de pronto, já deixa Bebel estarrecida. Não bastasse, o cachorrinho vira-lata de Zico desaparece, assim como os pets de outros alunos. Assim, não resta alternativa à turma que se unir a Bebel e tentar entrar no laboratório para liberar os cães.
Flor Gil
Um chamariz é tanto é a presença de Flor Gil, filha de Bela Gil e, portanto, neta de Gilberto Gil. Na foto acima, ela aparece na fileira do alto, à esquerda. Aqui, ela faz a estreia no cinema e já fica claro que leva jeito para a coisa. Flor Gil é uma graça. Na verdade, todo o elenco está bem. No caso dos veteranos, nada de atípico, já era esperado. Mas o elenco jovem cumpre bem a tarefa de levar para as telas mensagens de inclusão no convívio social, aliadas à preocupação ambiental, com um recorte pertinente sobre a conscientização dos animais como seres sencientes.
Em tempo: a classificação indicativa é a de 10 anos. Confira, abaixo, o trailer