Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Conheça o Babel, novo ponto gastronômico na Raul Soares

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Novo empreendimento de Alfredo Lanna (Pizzaria Panorama, Botequim Sapucaí), o Babel ocupa imóvel onde por anos funcionou o Scaramouche

Patrícia Cassese | Editora Assistente

Talvez só os muito, muito jovens não se lembrem de um dos mais icônicos restaurantes da cidade: o Scaramouche, que funcionava na Avenida Bias Fortes, no encontro com a Praça Raul Soares. A casa, que chegou a funcionar 24h, tinha como ponto forte o mexidão, atraindo vários notívagos que iam recarregar as energias após outros programas, como shows musicais e festas. Como vários outros estabelecimentos da cidade – como o Pelicano ou o restaurante Tio Patinhas -, o Scaramouche fechou suas portas, deixando um vazio na vida boêmia da cidade. A boa notícia é que o local voltou a funcionar, agora como Babel.

Com uma ampla vista da Raul Soares, o Babel oferece pratos como o fish'n chips autoral (Bruno Werneck/Divulgação)
Com uma ampla vista da Raul Soares, o Babel oferece pratos como o fish'n chips autoral (Bruno Werneck/Divulgação)

E entra em cena com ótimos avais. A começar, o Babel responde pela nova aposta do arquiteto e empresário Alfredo Lanna, nome está na sociedade de locais queridos do público belo-horizontino, como a Pizzaria Panorama (R. Sapucaí, 533) e o Botequim Sapucaí (R. Sapucaí, 523). Lanna também é sócio, ao lado de outros investidores, da casa de shows A Autêntica, no Santa Efigênia, e da Cervejaria Vinil, em Nova Lima, região metropolitana.

Cozinha

A cozinha do Babel é capitaneada pelo chef Daniel Pantuzzo, que traz, no currículo, quase 20 anos de dedicação à culinária. Belo-horizontino, Daniel tem ascendência italiana, síria e portuguesa. Em BH, já atuou no Ah!Bon, Padaria Boníssima, Uzina e Estúdio da Carne. Foi, ainda, chef executivo de três hotéis de luxo no Rio de Janeiro: Pestana e Debret, ambos em Copacabana, e Wyndham, na Barra da Tijuca. Na capital fluminense, trabalhou também no Aprazível, considerada uma das casas de alta gastronomia mais renomadas do Brasil. Como consultor, levou treinamentos para vários estados do país. No exterior, atuou em estabelecimentos em Gênova, na Itália.

Vinagrete do Mar, conexão gastronômica entre duas potências ibéricas, Portugal e Espanha (Bruno Werneck/Divulgação)
Vinagrete do Mar, conexão gastronômica entre duas potências ibéricas, Portugal e Espanha (Bruno Werneck/Divulgação)

Conforme o material de divulgação do estabelecimento, o Babel tem nada menos que 650m². O restaurante tem quatro ambientes – incluindo uma sacada de onde é possível contemplar o conjunto arquitetônico da praça que homenageia o ex-governador de Minas Gerais, Raul Soares (1877-1924) – com capacidade para até 300 pessoas. O investimento do projeto, conforme revela Lanna, é de R$ 2 milhões. A expectativa é que o número de colaboradores passe dos atuais 20 para 45 até o fim do ano, principalmente por causa dos eventos de confraternização.

Cardápio

Um dos destaques do cardápio do Babel é o Bolinho de Galinhada (R$ 42), baseado nos arancini. Outros itens arrolados no cardápio são a Tábua de Frios (R$ 60), que traz queijos especiais (chevrotin e alagoa) com itens da charcutaria italiana, como bresaola e copa lombo; e uma releitura abrasileirada do Fish n’ Chips (R$ 52). Na versão de Pantuzzo, o prato leva tilápias empanadas e fritas com molho de iogurte com funcho.

Outro chamariz do Babel, restaurante situado na av. Bias Fortes (Bruno Werneck/Divulgação)
Outro chamariz do Babel, restaurante situado na av. Bias Fortes (Bruno Werneck/Divulgação)

Fazem parte do cardápio ainda, o Vinagrete do Mar (R$ 58), apresentado como uma “conexão gastronômica entre duas potências ibéricas, Portugal e Espanha, ao reunir um vinagrete de polvo e lula”; e cogumelos empanados em pastela com mel cítrico de cana (R$ 39), entre outros. No quesito sobremesas, tem o Crème Brûlée (R$ 18), feito com doce de leite, e a Torta Basca (R$ 22), que, no Babel, leva um acréscimo de queijo da Canastra. Servida sobre redução de frutas vermelhas. A casa também oferece almoço executivo.

O Culturadoria conversou com Alfredo Lanna sobre o Babel. Confira!

Ideia

Como veio a ideia de ocupar o imóvel no qual por anos funcionou o icônico Scaramouche? Sabiam que a casa estava vazia e resolveram abrir o Babel lá? Como foi essa história?

Bem, eu, na verdade, já há alguns anos trabalho com restaurantes, como o Botequim Sapucaí e a Pizzaria Panorama, que, até a abertura, eram locais abandonados. Se a gente for pensar, até mesmo a Autêntica, que não é um restaurante, mas uma casa de shows. Ou seja, imóveis que estavam em um estado de degradação grande. Então, existe esse interesse nosso. E passamos aqui, em frente ao Scaramouche, que é um ícone de BH. Então, quando a gente chegou e viu o potencial do espaço, principalmente pela localização e pela dimensão do lugar… Afinal, era um espaço bem amplo, cheio de possibilidades. E veio a ideia do Babel.

Acho que faz muito parte dessa ideia de renascimento do Centro, como região central mesmo. Lógico que o Centro nunca morreu, mas a ideia de centro, ela foi abafada por shoppings e afins. E hoje em dia existe essa tendência mundial de reocupação do Centro das grandes cidades. Mesmo porque, é um lugar com uma infraestrutura, preparado para receber muita gente, com várias linhas de ônibus. Toda a infraestrutura básica de uma cidade grande.

O nome

Quem teve a ideia do nome Babel e como ele se casa com a proposta do espaço?

Eu vim com essa proposta de nome, Babel, justamente por essa ideia de remeter a várias línguas, essa ideia de pluralidade. Mas, na verdade, acho que a gente ainda está aprendendo. A gente abriu aqui sem uma definição concreta de público-alvo, porque estamos no meio de várias efervescências e queremos dialogar com todo mundo. Entendo que o importante da região central é isso, esse diálogo, essa mistura. Então, Babel veio para conversar com quem se sentir bem-vindo aqui.

Alfredo Lanna e o chef Daniel Pantuzzo, no varandão do Babel (Bruno Werneck/Divulgação)
Alfredo Lanna e o chef Daniel Pantuzzo, no varandão do Babel (Bruno Werneck/Divulgação)

Ambientação

Um dos destaques da Pizzaria Panorama, um dos empreendimentos de vocês, é a ambientação, que é linda, retrô. No caso do Babel, como o espaço em si foi pensado, que referências de décor ele traz?

A gente já tem uma experiência em pegar imóveis degradados, abandonados ou então que tinha usos mais pesados. O local onde funciona a Pizzaria Panorama estava abandonado há muitos anos. Onde hoje fica o Botequim Sapucaí era uma indústria de vidro. O ponto que hoje abriga A Autêntica, onde no passado funcionou o Lapa Multshow, era um estacionamento. No caso, o Scaramouche estava fechado há anos. Assim, o projeto do Babel foi feito por mim, pelo Matheus Castilho – e a gente é que fez o Botequim e o Panorama – em conjunto com a Jabuti Arquitetura, que fez a Autêntica.

A primeira coisa foi entender o local. Primeiramente, a gente pensou o que poderia ser restaurado e mantido como memória. Assim, por exemplo, tem uma grande parede no primeiro andar que a gente manteve. A gente reformou e restaurou os forros de madeira, o telhado, o piso, a balaustrada, para a gente criar uma conexão. A ideia nossa sempre é conectar a história, conectar o passado com o presente e com o futuro. Outra preocupação que a gente tem é a de aproveitamento de material.

Reaproveitamento

Gostaria que falasse mais sobre isso…

A gente acredita na recuperação dos materiais. Então, (essa diretriz) foi muito usada no Babel. Assim, a gente pegou elementos que estavam na edificação, como os portais. Todos os portais ovais, que eram do banheiro de cima e geraram o portal da fachada, que dá para a praça Raul Soares. Também pegamos elementos de serralheria. Aproveitamos todas as portas de enrolar para virar o nosso balcão de bar. Logo, é um tipo de arquitetura bem racional. A gente manteve esse diálogo com o passado, principalmente no bloco da portas. Ao mesmo tempo, criou um bloco novo, que foi essa passagem do segundo andar.

E quais as linhas que nortearam o segundo andar?

Principalmente uma grande varanda que dá para a Praça Raul Soares. É uma estrutura 100% nova, em concreto armado. Então, a gente deixou evidente essa estrutura em concreto armado como uma força para o projeto mesmo. No mais, colocamos uma árvore dentro da estrutura. A gente trouxe uma árvore que estava a 300 km daqui e a colocou no meio do círculo que abrimos, para trazer uma claridade para o primeiro andar. E é isso, a gente tem elementos, sutis, algumas linhas, que vão sendo identificadas em vários pontos do projeto. São vários ambientes – quatro, diferentes. Isso traz a sensação de movimento, de descobertas, o que é muito importante para uma arquitetura comercial.

Veganos/vegetarianos

Os comensais veganos e vegetarianos estão contemplados no cardápio?

Sim, a gente tem pratos e petiscos veganos, vegetarianos… Por exemplo, o cardápio do Babel tem um arroz de castanha que está sendo muito bem elogiado. Na verdade, a gente já tem esse público vegetariano e vegano nas outras casas. E entende a importância (dele) e o respeito (necessário, por ele). Então, a ideia é criar pratos para atendê-los de forma… Digamos, sem ser só mais um prato, sabe? Não é ter que colocar no cardápio porque tem que pôr. A gente pensa muito, a gente estuda muito, para trazer novidades e trazer sabor para esse público.

Apostas

Qual a aposta principal de vocês para petisco, prato e sobremesa?

No primeiro caso, o cardápio do Babel tem o Bolinho de Galinhada. Desse modo, é como se fosse um arancini, que é o bolinho de risoto, mas a gente o faz com tempero mineiro. E o pimentão bem cortadinho, milimetricamente cortado, para tentar trazer todo o sabor de uma galinhada em forma de bolinho. E, ainda, o Vinagrete de Polvo, nosso vinagrete do mar. (Tal qual) Ele está também sendo muito elogiado.

Tábua de frios, com queijos e itens de charcutaria, do Babel (Bruno Werneck/Divulgação)
Tábua de frios, com queijos e itens de charcutaria (Bruno Werneck/Divulgação)

Como prato principal do menu do Babel, o Medalhão de Mignon com Arroz Cremoso de Charcutaria, no qual a gente usa produtos da Charcutaria Sagrada Família, de Montes Claros, que é uma charcutaria premium. Assim, a gente faz essa leitura, como se fosse um piamontês, mas, na verdade, um canastrês, porque a gente coloca queijo Canastra e esses embutidos.

Já quanto às sobremesas, a gente tem a Torta Basca, que é uma receita espanhola. No entanto, a gente também traz um toque de queijo mineiro, e coloca sobre uma camada de calda de frutas vermelhas. (Em tempo: outro chamariz é o Crème Brûlée, que ganha sotaque mineiro com doce de leite como um dos ingredientes).

Serviço

Babel 

Onde: Avenida Bias Fortes, 1160, Centro

Funcionamento

Domingo: 12h às 19h

Segunda-feira: 11h30 às 15h

Terça a quinta-feira: 11h30 às 0h

sexta-feira e sábado: 11h30 às 1h

Almoço executivo: disponível de segunda à sexta-feira, das 11h30 às 15h

@babelbh

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