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Agenda Cultural

Peça teatral para crianças, “Azul” entra em cartaz no CCBB BH

O personagem Azul, que encanta adultos e baixinhos na peça que leva o nome dele (Julio Mello/Divulgação)

O personagem Azul, que encanta adultos e baixinhos na peça que leva o nome dele (Julio Mello/Divulgação)

Espetáculo mostra a relação da menina Violeta com o irmão, Azul, que reage ao mundo de forma diferente à qual estamos acostumados

Violeta é uma garotinha de quatro anos que está ansiosa pela chegada do irmãozinho, Azul. No entanto, o que ela não imagina é que ele acabará ocupando um espaço inesperado na vida da família. Assim, entre os ciúmes e a aceitação de um irmão tão diferente, Violeta descobre que é preciso aprender a lidar com o que a vida propõe para a solução natural dos conflitos. Com estas credenciais, o espetáculo infantojuvenil “Azul”, da Artesanal Cia. de Teatro, inicia temporada no CCBB BH nesta sexta-feira, permanecendo em cartaz até 20 de novembro.

“’Azul’ é um espetáculo de teatro de animação que aborda, de forma indireta, o TEA (Transtorno do Espectro Autista)”, explica Gustavo Bicalho, um dos autores (junto a Andrea Batitucci) e um dos diretores (ao lado de Henrique Gonçalves ) do espetáculo, à reportagem do Culturadoria. “Desse modo, contamos a história de uma família que recebe um integrante que vê e reage ao mundo e aos seus estímulos de forma diferente do que estamos acostumados”, complementa ele.

Aprendizado

Conforme a sinopse, este novo integrante, Azul, prossegue Gustavo Bicalho, é, claro, recebido com muito amor. Porém, todos precisam aprender como lidar com o jeito particular de ser dele. “A história é narrada por Violeta, que recebe a notícia da chegada de um novo irmãozinho no dia do Carnaval. Assim, fica bem chateada por perder o bloco que ia passar na rua dela”.

Abaixo, foto de Christina Amaral/Divulgação)

Elo com os pais

No início, Violeta nutre bastante ciúmes do irmão, “que rouba todo o tempo de atenção dos pais dela”. “O tempo passa e Azul, com três anos de idade, começa a demonstrar ser diferente. E acaba sendo diagnosticado dentro do espectro”, situa Gustavo Bicalho.

E se até então Violeta manifestava ciúmes do irmãozinho, ela logo passa a ser o elo a estabelecer uma comunicação entre ele e os pais. “É ela quem melhor entende e enxerga o mundo de Azul. Para a menina, na verdade, não é um mundo diferente. E, sim, um mundo cheio de aventuras e música (já que ela estuda piano e o irmão adora dançar as músicas)”, pontua o diretor.

O Tempo

O Tempo (“sim, com ‘T’ maiúsculo”, frisa Gustavo) também é um personagem muito importante na história. “Ele ensina que, mesmo o tempo sendo igual para todo mundo (o tempo de Cronos), cada um o sente de maneira diferente (o de Kairós)”. Abaixo, foto de Christina Amaral/Divulgação.

Ao fim, Gustavo Bicalho acredita que “Azul” traz a reflexão de que o mundo é sempre um lugar diferente para todas as pessoas, “pois cada um tem a sua forma de sentir as experiências que a vida proporciona”. “Logo, cada um tem o seu próprio tempo para entender as lições que aprendemos no curso de nossas existências”.

Reações

Por ser um espetáculo que coloca o afeto num lugar muito especial, Gustavo Bicalho relata que as famílias acabam se identificando com a história de “Azul”, tendo ou não contato com alguém com TEA. “Pois as situações mostradas são situações cotidianas, que todos nós já vivemos (ou iremos viver). É muito bonito ver a reação da plateia”, enaltece. E detalha: “As famílias de jovens e de crianças com TEA sempre agradecem pela forma como o autismo é retratado no espetáculo”. Abaixo, foto de Christina Amaral/Divulgação.

Tal qual, prossegue, ressaltam a importância de o grupo levar a representatividade desses jovens e crianças para o palco. “E muitas crianças com TEA se identificam tanto com o personagem que inclusive pedem para assistir à peça mais de uma vez. Uma família em especial ficou tão emocionada que confeccionou, em casa, bonecos do Azul e da Violeta com tecidos e enchimentos bem parecidos com os da peça, inclusive nos figurinos”, conta ele.

Feedbacks

Do mesmo modo, diversas outras famílias (ou até mesmo adultos), montam o bonequinho do Azul que vem dentro do programa. “Depois, tiram fotos e marcam a gente nas redes sociais”. Um retorno que marcou a todos da equipe aconteceu logo no início da temporada. “Uma família, cujo filho é autista, foi assistir ao espetáculo. Chegando em casa, montaram o bonequinho para o filho. O avô, que não tinha ido assistir à peça, ficou encantado. Assim começou a criar outros objetos para o boneco, como um chapéu, guitarra, livros, outras roupas etc”. (abaixo, foto de Christina Amaral/Divulgação)

No fim, relata Gustavo, a família voltou com o avô ao teatro. “E todos assistiram à peça juntos. Acho que esta história marca bem o momento que percebemos que ‘Azul’ não seria apenas mais uma história. E que teria um papel maior do que o simples entretenimento”.

Consultoria

Vale dizer que, para construir o personagem, a Artesanal Cia. de Teatro contou com a Consultoria para Acessibilidade e Inclusão de Cris Muñoz, atriz, também autista, que tem doutorado e desenvolve uma pesquisa em arte e inclusão. Ela também é mãe de uma menina autista. Abaixo, foto de Julio Mello/Divulgação.

Tal qual, os atores também têm experiência em aulas para crianças dentro do espectro autista, e todo o processo do ensaio trouxe um momento de conversas e troca de experiências. Segundo a equipe, esta produção está sendo um processo bem rico de aprendizado sobre o tema.

Percurso

Em tempo: o espetáculo estreou no CCBB Rio e já passou pelo CCBB Brasília. Finalizará o circuito no CCBB São Paulo.

Serviço

Azul – Espetáculo da Artesanal Cia. de Teatro

Temporada: 20 de outubro a 20 de novembro de 2023

Sextas e segundas às 19h, sábados e domingos às 16h

Sessão em Libras, seguida por bate-papo, no dia 10 de novembro

Classificação indicativa: Livre (recomendado a partir dos 5 anos)

Duração: 70 minutos

Local: Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte – Teatro II Capacidade: 80 lugares 

Endereço: Praça da Liberdade, 450 – Funcionários, Belo Horizonte

Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia). À venda no site bb.com.br/cultura e na bilheteria física do CCBB BH.

Funcionamento – de quarta a segunda, das 10h às 22h?

Telefone: (31) 3431-9400?

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