
Tales Douglas, que já estabeleceu seu nome no cenário do stand up (Arquivo Pessoal)
Festival Mineiro de Arte Surda oferece atrações em Libras com tradução para o português, incluindo espetáculos teatrais, workshops e mesa-redonda
Artistas e intelectuais da comunidade surda compartilham suas histórias, talentos e perspectivas no 1º Festival Mineiro de Arte Surda, que terá início nesta sexta-feira, dia 30, no CCBB BH. Ao todo serão três dias de evento, que objetiva apresentar para o público em geral a potência da arte feita por pessoas surdas de Minas Gerais.
A abertura do Festival Mineiro de Arte Surda ficará a cargo do espetáculo “Nós Temos Voz”, dos artistas Jaqueline Alves, Helio Alves, Rosimeire Helmer, Camila Cassia e Talita Loureiro. Já no dia 1º, haverá workshop de teatro com e para pessoas surdas, assim como o espetáculo teatral “Memórias de Ana”, com Dinalva Andrade e Laís Drumond. No domingo (2), Michelle Murta e Rimar Segala abordam, em mesa-redonda, temas como a arte surda no contexto atual e a democratização de acesso nos espaços da cidade.
No mesmo dia, haverá Batalha de Slam de Poesia, comandada por Leonardo Castilho. Já o encerramento do Festival Mineiro de Arte Surda fica por conta do Stand Up com e para surdos, com Tales Douglas.
Objetivos
O Festival Mineiro de Arte Surda quer abrir espaço de reflexão sobre o efervescente cenário da arte feito pela comunidade surda de BH. Para a primeira edição, a curadoria empreendeu uma série de pesquisas mantendo o foco, sobretudo, em profissionais, artistas e pesquisadores da cidade. Segundo o IBGE, na capital mineira são aproximadamente 5 mil pessoas surdas e 107.046 com alguma deficiência auditiva, o que representa 4,5% da população da cidade. Trata-se, portanto, de uma parcela expressiva dos habitantes de BH.
Com esses dados, o 1º Festival Mineiro de Arte Surda deseja dialogar sobre formação de público surdo para eventos culturais que acontecem na cidade. Para Michelle Murta, professora da Faculdade de Letras da UFMG – e a primeira pessoa surda a se formar doutora na UFMG -, o projeto chega em um cenário de ausência de eventos que tragam amplamente a arte surda na cidade.
“Assim, o evento Festival Mineiro de Arte Surda abre portas para os surdos na área das artes, Libras. É muito importante essa oportunidade de mostrar a nossa arte, língua e cultura para todos. Estamos no século XXI, e só agora, em 2023, é a primeira vez que teremos um festival. Portanto, a iniciativa é fundamental para desenvolvermos mais nesta área”, afirma.
Batalha
Dinalva Andrade Martins, proponente do projeto, atriz e intérprete de Libras, explica que o Festival Mineiro de Arte Surda amplia o conhecimento sobre as potências das artes surdas. “Existe, hoje, uma efervescência muito grande do Slam em Libras, das poesias criadas em Libras. É muito visual e físico; é incrível”.
A proponente do Festival Mineiro de Arte Surda cita, ainda, Tales Douglas, que faz stand up. “É uma luta minha nos festivais de stand up aqui em Belo Horizonte. Tenho tentado levar ele em todos, em todas as programações que tenho condição de apresentar para os produtores”, ressalta.
Programação
O primeiro espetáculo do Festival Mineiro de Arte Surda, “Nós Temos Voz”, que será mostrado na sexta, às 19h, logo após a abertura do evento, coloca em pauta, por meio de mímicas e da Libras, temas em alta. Caso de abuso de poder, suicídio, feminicídio e assédio sexual. O elenco traz Jaqueline Alves, Helio Alves, Rosimeire Helmer e Talita Loureiro. Ao fim do espetáculo, acontecerá um bate-papo.
No dia 1º de julho (sábado), às 15h, acontece o workshop de teatro com e para surdos. Com duas horas de duração, o processo será um espaço de aprendizado e troca de experiências.
Às 19h do mesmo dia, o Festival Mineiro de Arte Surda programa o espetáculo “Memórias de Ana” aborda a poética sobre a valorização dos relacionamentos e sentimentos humanos. A peça será realizada simultaneamente em duas modalidades: uma sonora/sensorial e outra visual, utilizando diversas línguas e linguagens, como português, Libras, mímica, teatro de sombras e música ao vivo. O elenco traz Dinalva Andrade e Laís Drumond, que, ao fim, conversam com o público sobre a temática.
Domingo, dia final
No último dia do Festival Mineiro de Arte Surda, domingo, às 16h, será realizada uma mesa-redonda com o tema “A Arte Surda e Suas Manifestações”. Sob mediação de Michelle Murta, a iniciativa abordará temas como a arte surda no contexto atual, avanços e perspectivas contemporâneas, acessibilidade nos espetáculos cênicos e democratização de acesso. Participação do doutor em linguística Rimar Ramalho.
Batalha de slam
A poesia também estará presente no Festival Mineiro de Arte Surda com a batalha de Slam, em que os participantes surdos expressam emoções, ideias e experiências por meio de performances poéticas. Será realizada às 17h30, no domingo, dia 2. É preciso fazer uma inscrição prévia (linkme.bio/bhemlibras). Leonardo Castilho, surdo, ator e professor; e Rimar Ramalho são os grandes nomes da batalha.
Todos os concorrentes já inscritos, surdos e ouvintes, que seguirem as regras terão suas performances avaliadas por uma comissão. A batalha terá a premiação de R$ 1000 para o primeiro colocado, de R$ 500 e R$200, respectivamente, para os segundo e terceiro lugares.
Finalizando a programação com risada garantida, às 19h, o “Stand Up Com e Para Surdos”, do ator Tales Douglas, que também é professor universitário. Ao fim do espetáculo, como de praxe, haverá bate-papo.
Para mais informações, acesse: https://culturasurda.com.br/ e linkme.bio/bhemlibras.
Serviço
1º Festival Mineiro de Arte Surda
Quando: Desta sexta, dia 30 de junho, a 2 julho
Horários: 30/6 (das 18h30 às 20h30); 1/7 (das 15h às 17h / das 19h às 20h30) e 2/7 (das 16h às 20h30)
Onde: Teatro II do CCBB BH (Praça da Liberdade, 450)
Entrada: Gratuita. Retirada de ingressos em bb.com.br/cultura ou na bilheteria do CCBB BH.