Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

A arte e a originalidade de Ara Malikian em Belo Horizonte

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O violinista libanês Ara Malikian acompanhado de sete músicos. Crédito: Clarisse Antunes

Por Clarisse Antunes *

Ara Malikian é considerado um dos artistas mais originais e inovadores do cenário musical. Esteve em Belo Horizonte para apenas um show na noite de sábado, no Grande Teatro do Sesc Palladium. É a primeira visita que traz ao Brasil o repertório que celebra os principais momentos de sua carreira de mais de 30 anos.

De imediato, o violonista conquistou o público com seu carisma e com os cumprimentos em “Portunhol”:  Boa noite, muito obrigado por terem vindo. Perdão.. É… eu falo português muito mal, aprendi esta mañana. Falo um poco de espanhol, um poco armênio, um poco inglês, um pouco francês e um poco alemão. Sei um pouco de tudo, de tudo um poco”.

O violinista libanês, acompanhado por mais sete músicos —  Jorge Antonio Guillen del Castillo (Violino), Nantha Kumar e Hector Osorio Heredia  na Percussão, Tania Bernaez Abad (Contrabaixo), Charles Humberto Armas (Viola), Cristina Lopes Garrido (Cello) e Antonio Carmona Vives (Guitarra) —  apresentou um repertório que encantou e surpreendeu o público em quase duas horas e meia de espetáculo. “O concerto que vamos oferecer hoje conta a história do meu violino através da música”.

Interações

Entre uma performance e outra, Malikian interage com o público e com a equipe com muito humor e de forma descontraída, contando várias histórias de sua vida e claro, a maior parte delas, sobre o violino, que o acompanhou desde a infância. A emoção dos músicos com seus instrumentos e uns com os outros, o envolvimento com as canções e com o público tomaram conta não só do palco mas também de todo o Grande Teatro.

Os covers apresentados confirmam a influência roqueira da irmã e clássica do pai de Malikian: “El Verano“, de Antonio Vivaldi; “Misirlou“, canção tradicional grega tema do filme Pulp Fiction; “Paranoid Android“, da banda Radiohead; “Kashmir” do Led Zeppelin e “Life on Mars?” do David Bowie. No repertório também se destacaram as composições autorais, claro. As escolhidas foram do álbum “The Incredible Story of Violin”, um dos 40 trabalhos do violinista: Kachn Nazar”, “El Vals de Kairo”, dedicada a seu filho Kairo, “Con mucha nata”, “Broken eggs”, “Bourj Hammoud” e “Réquien para um loco (Réquien pour um fou)”.

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Sobre essa última composição, uma curiosidade: Ara conta que, quando era mais jovem, um dia ao sair de casa deixou seu violino em cima da mesa. Ao voltar, se deparou com o instrumento aos pedaços, caído no chão. Desesperado e sem muitas esperanças, levou o violino a um Luthier para que o consertasse. E foi assim, em meio a tristeza e despedida, que surgiu um de seus maiores sucessos, “Réquien para um loco (Réquien pour um fou)”, dedicado ao seu violino “suicida”. Por sorte, o instrumento sobreviveu e soou melhor que antes.

Para encerrar o concerto, Ara Malikian dedica a última canção à todo o público presente. Enquanto toca ” Cantata BWV 156″ de Bach, desce as escadas do palco e caminha lentamente pelos espaços da plateia. Esse foi, sem dúvida, um dos momentos mais emocionantes e que fechou o espetáculo com chave de ouro.

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* Sob a supervisão de Carolina Braga

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