Por Ana C. A. Souza* Animais fantásticos
Provavelmente existe mais de um motivo para você se considerar um fã de Harry Potter. Pode ter a ver com o fato de ter crescido lendo essas histórias, esperando ano a ano uma nova parte. Pode ser que você tenha se identificado com algum(ns) dos personagens e tenha encontrado uma inspiração literária que conversava com você. E, claro, pode ser nada disso e você nem se considerar fã da história…
Mas uma coisa é certa, existe uma constante expectativa em cima de qual será a próxima investida do Wizarding World. Hoje ele engloba muito mais coisas que inicialmente, talvez, a própria JK tenha previsto. O Wizarding World é o universo mágico e expandido de Harry Potter, em que outras histórias tomam lugar de destaque. Tudo depende da mídia, da época e do conjunto de elementos a serem explorados. Nesse universo já temos outros livros, parques temáticos, filmes, crônicas e muito mais!
Assim, é importante manter em mente que nem tudo vai sair como a gente espera. Alguns elementos não foram feitos para serem particularmente geniais, sendo Os crimes de Grindelwald um bom exemplo disso.
Calma lá, uma fã dizendo que o filme não é genial?! Como assim?!
É preciso separar algumas coisas. Quando estamos olhando pra a complexidade de um longa é preciso entender em que lugar ele está situado e como isso influencia na narrativa. Sendo essa uma continuação super aguardada e precisando dar sequencia à excelente empreitada inicial da história de Newt e companhia, Os crimes de Grindelwald meramente cumpriu sua tarefa de filme de transição. Ou seja: nos deixou com o famoso gostinho de “é… poderia ter sido melhor”.
E, pasmem, não se trata da presença do controverso Johnny Depp num papel de destaque, sob uma enxurrada de oposições e ressalvas do público. Depp está competente como Grindelwald e entrega um personagem com sutilezas e ares de psicopata, sem as caricaturas que vinham lhe perseguindo em filmes anteriores.
Então não foi Depp, trata-se de uma série de soluções para questões complexas e ganchos que na história ficaram na superficialidade. E tudo isso numa sensação de que poderia ter sido tratado nesse filme, mas que foi sobreposto para se ter mais um filme.
Fãs que somos não reclamamos de mais filmes desse universo, não é o caso.
Desafios dos intermediários
Mas perceba, um filme intermediário, em tese, traz uma continuidade do primeiro e espaço para que novas questões sejam levantadas e tratadas em filmes posteriores, ou seja, costuma resolver algumas dúvidas e até trazer informações novas sobre essas mesmas dúvidas.
Em Crimes de Grindelwald houve uma tentativa de fazer isso, ou seja, de fazer com que alguns espaços do primeiro filme pudessem ser explorados, mas foram tantas informações novas e personagens novos, que a história ficou patinando no mesmo lugar. Inclusive, o próprio título não faz muito sentido, já que não são explicados os crimes do vilão em questão, muito menos Grindelwald é o grande centro da narrativa. Credence é.
Ezra, infelizmente, está apagado nesse filme. Aficcionado em descobrir algo sobre o seu passado, Credence, nessa empreitada, se filia a Nagini (Claudia Kim) e ambos aparecem em cenas de diálogos rasos e correm de um lado para o outro, fugindo das coisas. Nagini, por sinal, que foi um dos pontos altos do trailer, inaugura uma nova “espécie” de seres mágicos nesse universo e isso foi malmente comentado no longa, muito menos teve o destaque que achávamos que teria.
Já Jude Law como Dumbleodore foi uma grata e muito satisfatória escolha. Excelente ator, estudou Michael Gambon com maestria. Dessa maneira, entrega uma versão mais jovem totalmente plausível e coerente com a construção de seu antecessor.
Outra ótima oportunidade de avançar na história…
O mistério envolvendo a família Lestrange também tem papel protagonista nessa sequência. Saciaa vontade e curiosidade de saber o que rolou com Newt e Leta no passado. Zoe Kravitz está fabulosa, optando trabalhar nos olhares e no não óbvio. Uma figura trágica, de fato, mas com bastante força e potencial.
Último, mas não menos importante, novamente a direção de Yates. Ele tem comandado os longas do Wizarding World desde Harry Potter e a Ordem da Fênix. Entrega o que os potterheads querem. Tem tomadas majestosas dos cenários, acompanhados de planos detalhes nos momentos-chave, como lançamento de feitiços. Assim como, a qualidade de efeitos visuais, direção de arte e fotografia permanecem. É uma conversa direta com o primeiro filme da nova sequência. Porém, tem muita referência à história de Harry dos anteriores.
Segundo a própria J.K veremos o Brasil no terceiro longa. Esperamos que seja lindo. Esperamos que seja melhor que esse. Esperamos que não seja o mesmo Brasil de Crepúsculo, faz favor.
#obrigadadenada
*Ana é contadora de histórias, blogueira há 10 anos, professora, cinéfila, empreendedora e fica tentando deixar a vida menos complicada, ainda assim transmidiática. Este texto foi publicado originalmente no blog Mesa de Café da Manhã. Confira os outros textos sobre séries e cinema.
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