A nova edição do projeto convida Marilda Castanha para discutir o legado de Angela Lago (1945-2017) nesta terça-feira
A obra da escritora e ilustradora mineira (de Belo Horizonte) Angela Lago (1945-2017) será analisada nesta terça-feira (dia 13), a partir das 19h, em mais Letra em Cena. Como ler…. Desta vez, o programa literário do Centro Cultural Unimed-BH Minas convida a ilustradora Marilda Castanha. Ela vai conversar com o curador do programa, o jornalista José Eduardo Gonçalves, sobre a trajetória premiada de Angela. A leitura de texto será feita pela atriz Juliana Daher.
Segundo a palestrante, por meio de seus livros, Angela “fez humor com as imagens, e com muitas sutilezas”. “Lançou livro que pode ser lido de trás pra frente e até de cabeça pra baixo. E tudo com muita elegância. Enfim, o legado dela é imenso”, observa Marilda.
Marco, farol e divisor de águas
Marilda Castanha também afirma que a obra de Angela é importantíssima para a literatura infantil. “Penso que a escritora e a sua obra são, ao mesmo tempo, um marco, farol e divisor de águas. Angela experimentou muito e deixou marcas em tudo: no desenho, na figuração, na expressão plástica e na tela do computador”, observa a palestrante.
A escritora homenageada, prossegue Marilda, via as publicações como elementos amplos. “Assim, pensava o livro como objeto, nos seus quatro lados e na dobra de páginas, como ninguém”, pontua. “Foi inventiva e também poética, não só na imagem (como narrativa, na construção do Livro Ilustrado) mas também, e de forma excepcional, na concretude da palavra nos livros para a infância”, observa Marilda.
Olhar aguçado
Uma das obras mais conhecidas de Angela é o livro “Cena de Rua”, que é muito utilizado em escolas, tanto no Brasil como também em países como México, França e Estados Unidos. “Nele, temos não só o olhar aguçado para questões e relações sociais – reais e complexas –, como também o compromisso dela com os elementos plásticos do livro”.
“Podemos até considerar que, no ‘Cena de Rua’, a cor e a dobra de páginas se transmutam em uma espécie de ‘condutores da narrativa’, com voz e funções próprias”, atesta Marilda. Tal publicação se tornou um clássico. “Ganhou, se não me engano, dois prêmios internacionais importantes, o Prix Graphique Octogonne (em Paris) e a BIB Plaque, em uma das edições da Bibiana, a concorridíssima Bienal Internacional de Bratislava”, recorda a ilustradora.
Sensibilidade
Segundo Marilda, as obras de Angela contribuem primordialmente para a formação de leitores. Não bastasse, vão além. “Acho que, no fundo, a obra dela contribuiu (e ainda contribui) não só para a formação de leitores, como, do mesmo modo, para a de ilustradores, autores e criadores de livros”. Ela acredita, ainda, que, quando a pessoa parte para a leitura de um livro de Angela, acaba espontaneamente assumindo atitudes (como, por exemplo, se deter nos detalhes, descobrir analogias e fazer inferências) que são, antes de mais nada, fundamentais para a formação de um leitor crítico.
É claro que a autora tinha sobretudo um olhar especial para a escrita voltada às crianças. “Angela não só priorizava a criança como não a subestimava. Ela tinha uma sensibilidade muito grande para este universo singular e genuíno da infância”. Por exemplo, a escritora afirmou, em uma entrevista (para o livro “Traço e Prosa”), que via o uso do traço mais próximo do desenho infantil como a busca da simplicidade. “Acho que era também uma forma de afirmar que nós, adultos, ao fazermos livros para as pessoas mais verdadeiras, as crianças, deveríamos ser, tal e qual, extremamente verdadeiros”, conclui.
Serviço
Letra em Cena. Como ler Angela Lago por Marilda Castanho
Data: 13 de junho de 2023, terça-feira
Horário: 19h
Local: Café do Centro Cultural Unimed-BH Minas (rua da Bahia 2.244, Lourdes)
Classificação: livre
Inscrições: gratuita no site da Sympla