Quando procurei as primeiras informações sobre Aladdin me surpreendi com o fato da produção da Disney ter sido um lançamento do ano de 1992. Tinha impressão de que era mais antiga. O fato de não ser é um sinal do quanto o desenho sobre o jovem ladrão que se apaixona pela princesa Jasmine marcou.
Naquela época, atingiu o recorde como a primeira animação a lucrar mais de US$ 200 milhões. Perdeu o posto para ‘O Rei Leão’, dois anos depois. Outra coisa que deu o que falar foi a dublagem de Robin Williams, um gênio em todos os sentidos. Era dele a voz do carismático gênio azul do filme. Pois bem, quem assume o papel nesta versão com atores é Will Smith. Quando foi escolhido pelo diretor Guy Ritchie, sabia que conseguiria ser diferente. No caso, nem tentaria competir. Seria uma perda de tempo mesmo!
Sendo assim, mesmo que a versão live-action de Aladdin seja bastante fiel ao roteiro original, há uma leve e interessante atualização. Nesse sentido, a que mais me chamou atenção foi a postura um tanto quanto mais contemporânea da princesa Jasmine (papel da jovem Naomi Scott). Ela se sente desconfortável com a posição “passiva” da princesa. Mesmo que seja um pouco mais questionadora do que o original, poderia ter sido mais.
De uma maneira geral, Aladdin chama atenção pelo aspecto visual. A fotografia contrasta a tonalidade do deserto com as cores fortes da cultura indiana. Destaque para a cena em que o príncipe entra na pequena fila. Em resumo: aquilo mais parece um desfile de carnaval feito por gringos. De toda forma, é divertido.
Diferença de ritmo
Aladdin, o live-action, começa muito fiel à animação. Tão fiel que teve gente que se deu o trabalho de comparar algumas cenas. Veja aqui.
O longa tem ritmo ao apresentar Aladdin (interpretado pelo ator egípcio/canadense, Mena Masssoud) como um ladrão de rua e o primeiro encontro com Jasmine. Nos primeiros minutos fica claro, também, que o macaco Abu será o responsável por doses extras de humor.
Porém, a partir do momento em que Aladdin é capturado pelo vilão Jafar (Marwan Kenzari). Talvez aqui o problema seja justamente o tom caricato da interpretação dele. A dinâmica cresce novamente durante a aventura de Aladdin e Abu dentro da caverna e logo outra baixa, curiosamente na aproximação romântica entre os protagonistas. O longa somente recupera o fôlego às vésperas da realização do segundo desejo (ops, leve spoiler). Aí engrena!
Elenco
Guy Ritchie, que já dirigiu longas como Sherlock Holmes (2009 e 2011), Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (1998), disse que sabe fazer histórias sobre traficantes de rua. “E Aladdin é um traficante de rua clássico que faz bem”. Sendo assim, em um paralelo com a carreira dele, há um pouco de Sherlock Holmes em Aladdin. Aliás, há um pouco de tudo o que ele já vez. Vide as cenas de perseguição.
Encontro paralelos também na forma como ele cria a empatia com os personagens principais. Se o Sherlock de Robert Downey Jr. é um exemplo disso, Aladdin de Mena Massoud não fica atrás. Ele, inclusive, chama mais atenção do que a grande estrela do elenco, Will Smith. Talvez porque o veterano não faça nada tão diferente do que já fez. No caso de Mena, é um rosto novo e aparentemente promissor. Sobretudo nessa fase em que hollywood anda buscando ampliar a representatividade.
O elenco desse filme é um exemplo. Há uma nítida predominância de atores de descendência. O próprio Massoud tem sangue egípcio, Naomi Scott (Jasmine) é anglo-indiana, o intérprete de Jafar, Marwan Kenzari, é holandês-tunisiano. Até os americanos no elenco Navid Negahban (o sultão) e Nasim Pedrad (Dalia) tem descendência iraniana.
Embora tenha seus altos e baixos no ritmo do roteiro, no fim das contas, o live-action de Aladdin consegue cumprir duplo papel. Ao mesmo tempo que encanta nova audiência, deixa os fãs da animação com um afago no saudosismo.