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Espetáculo “A Aforista” estreia nesta sexta-feira no CCBB BH

Rosana Stavis em cena de "A Aforista" (foto Renato Mangolin/Divulgação)

Rosana Stavis em cena de "A Aforista" (foto Renato Mangolin/Divulgação)

No palco, a atriz Rosana Stavis, a Aforista do título, tem a companhia dos pianistas Sergio Justen e Rodrigo Henrique, que duelam entre si

Patrícia Cassese | Editora Assistente

Um espetáculo tradicômico, repleto de confusões e perturbações que, no final das contas, são próprias da mente de todos nós. Assim o dramaturgo e diretor Marcos Damaceno resume a montagem teatral “A Aforista”, que, a partir desta sexta-feira, passa a ocupar o Teatro I do CCBB BH. “A peça fala sobre os caminhos que seguimos e sobre onde esses caminhos nos levaram, nos levam”, prossegue ele, em entrevista ao Culturadoria.

Em cena, uma mulher caminha sem parar, no trajeto em direção ao enterro de um antigo amigo da faculdade de música na qual se formou. “Enquanto anda, vêm, à mente dela, pensamentos sobre a sua própria vida E são pensamento muitas vezes com uma profusão de informações e boas doses de ansiedade. Assim como confusões e algumas perturbações”, prossegue Damaceno, que, vale dizer, arrebanhou o prêmio Shell de Dramaturgia por “Homem ao Vento”.

“Enfim, é uma peça às vezes angustiante, mas tantas outras vezes também hilariante”, situa, sobre a produção da curitibana Cia.Stavis-Damaceno. “A Aforista” é protagonizada por Rosana Stavis (“uma das melhores atrizes do teatro brasileiro”, pontua o diretor e dramaturgo).

Pianos em cena

No palco, a personagem central é acompanhada por dois pianistas, que tocam ao vivo: Sergio Justen e Rodrigo Henrique. Na verdade, os dois duelam em cena, dando o tom da narrativa com a trilha original criada pelo compositor Gilson Fukushima. “Com isso, eles intensificam os pensamentos, os devaneios dessa mulher”, localiza Marcos.

“Assim, o universo da peça ‘A Aforista’ é o universo da música. Trata-se, na verdade, da história de três grandes pianistas que se conheceram na faculdade de música”, situa Damaceno. Ele conta que um tornou-se nada menos que “o melhor do mundo” neste instrumento. “O outro também é excelente, mas, diante da genialidade do colega, foi se apagando, foi murchando”.

E a terceira figura é justamente a da Aforista, que é quem conta a história. De acordo com Rosana, a personagem pode ser vista como o terceiro piano em cena. “A gente brinca com isso, porque o figurino é uma instalação. O vestido dela se perde pelo cenário”, diz, acrescentando que o figurino é de Karen Brustollin.

Trilogia

O espetáculo “A Aforista” é o segundo de uma trilogia – iniciada com “Árvores Abatidas ou Para Luis Melo” -proposta por Damaceno sob influência da obra do escritor Thomas Bernhard (1931-1989). “Inspirada na obra dele. Neste caso, partimos da obra do Thomas para criar um texto novo, original, mas que traz o espírito do autor. Ele foi um escritor com espírito provocador, polêmico, que atacava a humanidade e todas as suas hipocrisias, mesquinharias, cinismos”, comenta.

E, com isso, o autor abria novas percepções sobre a vida. “Principalmente, sobre as relações entre as pessoas. Eu acho que trabalhando, contribuindo, para relações mais verdadeiras, mais íntegras”, pondera Marcos.

Vale dizer que a parceria de Rosana com Marcos já perpassa duas décadas, e se estende para além dos palcos: os dois são casados. Juntos, tocam a Cia.Stavis-Damaceno, que, além dos espetáculos já citados, encenou outros, como “Psicose 4h48”, que registrou mais de 300 apresentações por todas as regiões do país.

Musicalidade da palavra falada

Sobre o processo de trabalho conjunto, que ganha mais um capítulo com “A Aforista”, a atriz comenta: “A gente tem investido muito em cima de uma metodologia que criamos a partir de todos esses anos de convivência, que é a musicalidade da palavra falada”.

Logo, prossegue Rosana, o companhia trabalha o texto como uma partitura musical, “desenhando a fala”. “Só depois eu decoro o texto e a gente vai para a cena e constrói esse universo. Então, a gente tem essa intimidade. Ele entende como eu funciono na cena e eu entendo aonde ele quer chegar. Sendo assim, considero uma parceria de sucesso”.

Rosana, em cena: “A Aforista foi também pianista, mas depois se enveredou pelas letras”, diz ela (Renato Mangolin/Divulgação)

Perguntada sobre sua personagem propriamente dita, Rosana Stavis primeiramente fala sobre o gênero que dá título ao espetáculo. “É possível dizer que o aforismo é o mais pretencioso gênero dramático, porque tenta dar conta da vida e do mundo em uma ou duas linhas. E aforista é a pessoa que escreve, coleciona ou vive citando aforismos. Então, esse personagem, A Aforista, que é a narradora, ela também foi uma grande pianista. No entanto, em certo momento do seu percurso na sua vida, se enveredou para a área das letras. Mais precisamente, passou a se dedicar a escrever aforismos. E que são essas máximas, essas frases de impacto, que estão presentes em todo o espetáculo”.

Serviço: “A Aforista”

Quando. Estreia nesta sexta. Temporada até 3 de julho deste ano, de sexta a segunda, às 20h30

Onde. CCBB BH (Praça da Liberdade, 450)

Ingressos | R$ 30 (inteira) – R$ 15 (meia-entrada)* à venda em bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB BH. Clientes BB têm direito à meia-entrada na compra com Cartão Ourocard

Classificação | Indicado para maiores de 16 anos

Duração | Aproximadamente 70 minutos

Em tempo: no da 24 de junho, sábado | sessão acessível em audiodescrição e bate-papo após o espetáculo

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