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Adélia Prado: conheça a escritora homenageada no Prêmio Jabuti 2020

Com versos simples e utilizando da coloquialidade, Adélia Prado é uma das escritoras mais importantes da literatura brasileira contemporânea
adelia prado

Foto: Nana Moraes

Poetisa, contista, professora e filósofa, Adélia Prado é um dos nomes mais importantes da literatura brasileira contemporânea. A escritora nasceu em Divinópolis e ganhou o Brasil com a sua prosa leve, coloquial e que trata de assuntos cotidianos com destaque para a voz feminina. 

O reconhecimento veio de muitas formas, sendo uma delas as premiações. Em 1978, por exemplo, Adélia Prado ganhou o Prêmio Jabuti de Literatura na categoria Poesia com o livro O coração disparado. Agora, na edição número 62 do prêmio, ela é a personagem literária do ano homenageada. Sendo assim, conheça um pouco mais sobre a trajetória da poetisa.

Origens e início na literatura

Adélia Prado nasceu em Divinópolis, cidade a 120 km de Belo Horizonte, em 1935. Por lá, formou-se no ensino básico e ingressou no curso de magistério, concluído em 1953. Logo começou a lecionar. A perda da mãe, em 1950, motivou Adélia a escrever os primeiros versos e poemas. 

Depois disso, casou-se, teve cinco filhos e graduou-se em filosofia em 1973, um ano depois da morte do pai. Quando se formou pela segunda vez, resolveu enviar uma carta junto com originais de poemas para o crítico literário e poeta Affonso Romano de Sant’Anna. Ele era responsável pela publicação de críticas no Jornal do Brasil e, ao se admirar com os versos de Adélia Prado, acabou mandando os manuscritos para Carlos Drummond de Andrade. Por sua vez, Drummond também apreciou os poemas e os submeteu à Editora Imago.

 

adelia prado

Foto: Fernando Cavalcanti

Primeira publicação

Dessa forma, foi publicado o livro Bagagem, que marcou a estreia da autora na literatura aos 40 anos de idade. A obra é composta por uma coletânea de poemas que foram escritos tendo como base a ironia e o lirismo, utilizando do profano, do cotidiano da mulher, da religiosidade, da morte e da alegria.

Só para exemplificar, o poema Com licença poética faz uma espécie de autoapresentação de Adélia Prado: Quando nasci um anjo esbelto, / desses que tocam trombeta, anunciou: / vai carregar bandeira. / Cargo muito pesado pra mulher, / esta espécie ainda envergonhada. / Aceito os subterfúgios que me cabem, / sem precisar mentir.

Além disso, faz uma clara referência ao próprio Drummond e ao Poema de sete faces. O próprio Carlos Drummond de Andrade enviou para o Jornal do Brasil uma crônica na qual chamava atenção para o trabalho da escritora estreante. O livro foi lançado no Rio de Janeiro e contou com a presença de nomes como Antônio Houaiss, Clarice Lispector, Drummond, Juscelino Kubitschek, Romano de Sant’Anna e Nélida Piñon.

Prêmio Jabuti, literatura e outras áreas

Em seguida, em 1978, a obra publicada foi O coração disparado, que consagrou Adélia como a voz mais feminina da poesia brasileira e rendeu à autora o Prêmio Jabuti na categoria Poesia. No ano seguinte, começou a escrever em prosa e lançou Soltem os cachorros. A partir desse momento, precisou abandonar as salas de aula, já que a carreira como escritora estava fazendo sucesso. 

Adélia também se aventurou nas artes cênicas, dirigindo o grupo amador Cara e Coragem na montagem de O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. Além disso, foi inspiração para um espetáculo encenado por Fernanda Montenegro. A montagem Dona Doida: um interlúdio, foi baseada em textos de livros da autora, dirigida por Naum Alves de Souza e foi um sucesso nos anos 1980, tendo sido apresentado em vários estados do Brasil, nos Estados Unidos, Itália e Portugal. 

 

Foto: Tarcisio de Paula

Características

Um dos pontos principais e mais marcantes na obra de Adélia Prado é a voz feminina, bem como a relação e a posição que ela é colocada na sociedade. No poema Com licença poética, que tem um trechinho mais acima no texto, dá para observar essa característica. Isso porque, por meio de algumas metáforas e analogias, são reforçadas as conquistas das mulheres. Os versos também descrevem a própria Adélia, que conquistou o seu espaço em um meio majoritariamente masculino. 

Com o vocabulário simples, às vezes coloquial, Adélia Prado também versa sobre a fé cristã, a religiosidade, família e cotidiano. 

E já que falamos em Jabuti, o prêmio deste ano vai homenagear a própria Adélia Prado. Para 2020, foi criada uma nova categoria que vai reconhecer o melhor romance de entretenimento. As inscrições podem ser feitas até 30 de abril. Mais informações e edital completo no site do Prêmio Jabuti

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