Marielle: presente! Matheusa, também! No dia em que a execução da vereadora do Rio de Janeiro completou três meses a CineOP lembrou o caso. Foi em um vídeo na cerimônia de abertura nesta quinta feira, dia 14, que a foto dela e de outras figuras que marcaram a história foram exibidas. A cerimônia, no Cine Vila Rica, ainda foi marcada por apresentação do mineiro Marcelo Veronez com alunos da Escola Estadual Dom Velloso, homenagem aos artistas da Tropicália e entrega do troféu Vila Rica para a atriz Maria Gladys.
“Estamos vivendo um momento muito oportuno para focar a tropicália na década de 1960 e 1970 com um olhar contemporâneo. É preciso discutir o que foi produzido naquela época contra a cultura e como podemos fazer analogia com o agora. Queremos ainda, pensar o que foi o Cinema Novo e Marginal, em suma, como ele dialoga com outras artes. Dessa forma, podemos observar que o cinema não fica ultrapassado. Sempre será reflexo da atualidade”, pontua Raquel Hallak, coordenadora geral do evento.
Na celebração dos 13 anos da CineOP, Raquel anunciou que o Cine Vila Rica será revitalizado. Um feito em consonância com a Mostra, uma vez que propõe ser instrumento para salvar e guardar o cinema como patrimônio. Manifestações políticas contra o governo de Michel Temer e do prefeito de Ouro Preto Júlio Pimenta tomaram conta do cinema. Até Gladys manifestou e pediu a liberdade do ex-presidente Lula.
Apresentações artísticas
Com direção de Chico de Paula e Grazi Medrado a abertura contou com apresentação de David Maurity, trilha sonora do Barulhista e participações de Idylla Silmarovi, Marcelo Veronez, Leo Piló e alunos da Escola Estadual Dom Velloso. Destaque para Idylla. Ela entrou no palco com rosto coberto e oprimido. No mesmo instante, trechos do depoimento de Eny Moreira sobre a tortura que sofreu na época da Ditadura Militar foram exibidos. A cada relato a artista representava o sofrimento.
O músico Marcelo Veronez interpretou ‘Roda Viva’, de Chico Buarque, e ‘Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua’, de Sérgio Sampaio. Em seu discurso de homenageada, Maria Gladys disse que estava muito feliz. Lembrou-se da geração que inovou no cinema brasileiro e falou sobre o golpe militar. Confessou que nem sempre quis ser lembrada como uma atriz brasileira, mas hoje tem orgulho. Falou ainda que o maior ganho da carreira é o aprendizado. Gladys foi destaque do Cinema Novo e cinema marginal nos anos 1960 e 1970.
Na cerimônia ainda foram exibidos o curta ‘Maria Gladys, uma atriz brasileira’, de 1980, de Norma Bengell, e ‘Sem Essa, Aranha’, de Rogério Sganzerla. O primeiro, contou a carreira artística e o cotidiano de Gladys. Como só havia uma cópia em acervo produção teve que digitalizar a preciosidade para ser exibida. Já o segundo, é um experimento radical de linguagem e interpretação que mostra a situação pela qual o país atravessava em 1970.
A 13ª edição CineOP exibirá, até segunda-feira, dia 18, 134 filmes, de 12 estados brasileiros e três países.
*O repórter viajou a convite da CineOP