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Cinema

CineBH começa com o anárquico filme ‘Sol Alegria’

Foto: Leo Lara / Divulgação

Cine

O país está tomado por uma junta militar e por pastores corruptos. Dessa forma, o que restou para as freiras foi o cultivo da maconha. Elas são descoladas, usam armas e ficam nuas. São bem diferentes das que conhecemos. Nesse lugar ainda há travestis espalhadas pelas ruas, rapazes pelados no meio dos matos e muita loucura. Por fim, no meio disso tudo, ainda há uma família excêntrica e sem lei que caminha pelo interior com algumas missões.

O roteiro inusitado e, a princípio, estranho, é de ‘Sol Alegria’. O longa de Tavinho e Mariah Teixeira abriu a 12º edição da CineBH, nesta terça-feira, dia 28, no Cine Theatro Brasil Vallourec. O primeiro dia da Mostra contou ainda com homenagem à produtora argentina ‘El Pampero Cine’ e performance audiovisual. O evento que ocupa BH até dia 2 de setembro destacará a produção audiovisual da América Latina.

‘Sol Alegria’

Segundo os diretores, o longa da abertura é um filme anarquista, marginal e expressa o querem falar. “Mostra uma história de uma família anárquica e subversiva nos tempos que seriam uma distopia, que não são mais. Escrevemos o filme achando que era uma distopia, só que agora é uma realidade. Assim, estamos vivendo um período de dominação, de ameaça, de perder os direitos, das minorias massacradas e de uma ameaçada de destruição”, pontua Tavinho.

‘Sol Alegria’ foi lançado neste ano em Roterdã e soma também no currículo passagem por Nova York. O longa levou quatro anos para ficar pronto e custou 700 mil reais. É o terceiro da carreira do cineasta paraibano. Segundo Tavinho, a produção surgiu de um livro de contos do diretor que não foi publicado. Entretanto, do texto original só sobrou um posto de gasolina. Tavinho e a codiretora Mariah também estão no elenco. Junta-se a eles Ney Matogrosso.

Desde a infância Tavinho é fã do artista e escreveu o personagem exclusivo para Ney. “Somos amigos há 20 anos. Já conversávamos em trabalhar juntos. Tenho uma admiração antiga. Nos anos 70 dublava e requebrava as músicas dele. Minha mãe batia na porta e gritava: não pode, não pode!”, relembra. Ney Matogrosso dá as caras no longa no papel de um toureiro-poeta bissexual.

 

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Temas polêmicos no roteiro

Em suma o filme mostra uma família de terroristas, que após cometerem um atentado, caminham pelo interior com algumas missões. Uma delas, por exemplo, é a entrega de armas para um grupo de freiras militantes que se retiraram para a selva. Lá elas desfilam nuas, usam brinquedos sexuais, são loucas e se entregam ao canabismo.

“O filme é o resultado de um processo de produção com uma equipe boa e que faz o que gosta. Tivemos dificuldades por conta da verba. Mas conseguimos uma produção boa por conta do pessoal. Uma galera que foi fumar maconha e está junto para dizer que é ridículo que se discrimine a erva. De onde foi tirado que é para discriminar uma planta?”, indaga Tavinho.

Mariah Teixeira entende que o tipo de filme que faz com o pai não é convencional. “É uma produção que tem pouco espaço nas salas de cinema. Dessa maneira, pretendemos lança-la comercialmente no primeiro semestre de 2019 com uma vontade de nos surpreendermos. Por enquanto, a grande alternativa é exibir o filme em mostras”. Tavinho vê o filme abrindo a CineBH como uma potência e aposta da mostra. “É uma alegria muito grande poder mostrar na mostrar esse filme sem pudor, escancarado, político e anárquico”.

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CineBH

A abertura da mostra ainda contou com performance audiovisual de dançarinos que representam a diversidade de estilos da cena da capital mineira na porta do teatro. A direção da performance foi de Chico de Paula e de Grazi Medrado. Trilha sonora ao vivo de Barulhista e desing de vídeo de Fabiano Fonseca. “Sou América Latina, um povo sem pernas, mas que caminha.” O verso da música ‘Latinoamérica’, do Calle 13, assumiu o caráter de grito de guerra na abertura e foi destaque.

As produções e o cenário audiovisual da América Latina nos últimos anos, tema da mostram, foram apresentados ao público por meio de um vídeo. O material mostrou as características das produções nas Américas e como isso impacta na maneira de se fazer cinema. O evento ainda prestou homenagem, com a entrega do Troféu Horizonte, produtora Argentina ‘El Pampero Cine’.

A CineBH trará o cinema do mundo para a capital mineira até o dia 2 de setembro. Com o tema ‘Pontes Latino-americanas’, em resumo, destacará a produção da América Latina e receberá representantes da indústria internacional. A mostra ocupará seis espaços culturais de BH e sediará o nono Brasil CineMund. Em seis dias serão exibidos 75 filmes nacionais e internacionais. Ainda há programação musical, palestras, encontros, oficinas e exposição. Clique aqui e confira a programação completa.

 

 

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