Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

A vida de quatro cantoras (e uma maestrina) em livros para crianças

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Confira, aqui, cinco obras destinadas ao público infantil que recontam a vida de cantoras, como Elza Soares e Dalva de Oliveira, e da compositora Chiquinha Gonzaga

Patrícia Cassese | Editora Assistente (*)

Dizem as “más” línguas que o Brasil é um país sem memória. Fato é que há muitos que batalham para que essa fama não proceda – principalmente pessoas que militam nos campos da história e da arte. Não por outro motivo, muitos escritores se dedicam a registrar, em livro, biografias de nomes importantes de várias searas – entre elas, da música. E, num recorte ainda mais preciso, das cantoras. Se muitas dessas biografias são pensadas para o público adulto, há também aqueles que se esmeram em transpor histórias tão ricas (e por vezes também tão sofridas!) para uma linguagem que alcance um público em formação. Ou seja, o infantil.

Ilustração de Edson Ikê para o livro "Elza, A Voz do Milênio", de Nina Rizzi (VR Editora)

Sendo assim, selecionamos, aqui, cinco belos livros que recontam a história de mulheres baluartes da música brasileira. São cantoras (algumas também compositoras) como Elza Soares, Marlene, Clementina de Jesus e Dalva de Oliveira. E, ainda, uma bela história que faz alusão a uma obra-prima da compositora e maestrina Chiquinha Gonzaga. Confira!

Elza Soares – “Elza – A Voz do Milênio”

“Elza – A Voz do Milênio” (Editora VR, 48 páginas) é uma biografia da saudosa cantora Elza Soares (1930 – 2022), uma das cantoras brasileiras mais aclamadas mundo afora, dedicada ao público infantil. Ou melhor, como diz a própria apresentação, “para crianças e adultos de hoje e de amanhã”. Na verdade, a obra foi lançada em 2023, pela autora de Nina Rizzi e pelo ilustrador Edson Ikê. Ao fim do ano passado, o livro foi eleito pela conceituada revista “Quatro Cinco Um” como a melhor história infantojuvenil do ano.

Na foto, reprodução da capa da biografia de Elza Soares pensada para o público infantil (VR Editora/Divulgação)

“Marlene – A Rainha Diferente”

Falecida há dez anos, Marlene, nome artístico de Victória Bonaiutti de Martino, foi uma cantora e atriz brasileira que angariou muita fama ao longo da carreira. Na mítica era do rádio, cultuou-se a rivalidade entre ela e Emilinha Borba, que dividia o público. As duas cantoras movimentavam torcidas aguerridas. No entanto, infelizmente, se nos dias atuais nem os adultos mais novos sabem muito sobre essa verdadeira legenda, o que dirá as crianças. O livro “Marlene – A Rainha Diferente” (Mapalab Editora) leva a assinatura de Mona Vilardo e integra o projeto “Elas por Ela – As Rainhas do Rádio”. As ilustrações são de Mariana Erthal.

Capa do livro “Marlene, a Rainha Diferente”, que se debruça sobre a vida da diva Marlene (Mapa Lab/Divulgação)

Conhecida como a “Artista mais Artista das Artistas do Brasil”, Marlene gravou mais de quatro mil canções em sua carreira. Também participou de novelas, como “O Amor é Nosso”, no qual contracenou com Tônia Carrero e Fábio Júnior, entre outros. A morte da artista ocorreu em 13 de junho de 2014. Ela tinha 91 anos.

Dalva de Oliveira – “Dalva, Minha Vó e Eu”

Outro livro escrito por Mona Vilardo. Em “Dalva, minha vó e eu”, as personagens, mulheres de diferentes gerações, encontram, na música, forças para construírem a própria história. A relação da avó com a neta, permeada pelas canções e pela biografia de Dalva, marcam a narrativa. O livro serviu como base a uma montagem teatral, homônimo, com uma boneca de manipulação, a Dalvinha. Em 2020, o Edital Retomada Cultural I, pela Lei Aldir Blanc, contemplou a obra. Com isso, a leitura musical “Dalva, minha vó e eu” foi também registrada. A gravação ocorreu na Biblioteca Parque Estadual do Rio de Janeiro em abril de 2021 e teve a direção do ator Marcio Nascimento.

Capa do livro “Dalva, Minha Vó e Eu”, de Mona Vilardo (Editora Litteris/Divulgação)

“Cantar era Seu Sonho: Clementina de Jesus”

Na obra, lançada pela Paulus, a autora, Lúcia Fidalgo, apresenta às crianças a vida de Clementina de Jesus (1901 – 1987), um ícone da música brasileira. O livro conta sobre seu casamento, sobre o nascimento da filha, o trabalho como doméstica… Tal qual, da dificuldade de conseguir realizar o grande sonho, que era poder se dedicar à música.

Biografia de Clementina de Jesus para crianças: cantora teve reconhecimento somente aos 63 anos (Paulus Edidora/Divulgação)

Nascida em Valença, Rio de Janeiro, Clementina de Jesus, também conhecida como Tina ou Quelé, conheceu a música ainda pequenina, quando a mãe, Dona Amélia de Jesus dos Santos, parteira e lavadeira, entoava cantigas – lundus, jongos e cantos de trabalho – tanto no curso do seu ofício quanto para ninar e fazer a filha dormir. Um pouco mais crescida, Clementina cantava e dedilhava a viola do pai, Paulo Batista dos Santos, também capoeirista. Ou seja, ela já tinha passado dos 60 anos!

O livro “Cantar Era Seu Sonho” tem a chancela da Editora Paulus.

Chiquinha Gonzaga – “Ô Abre Alas”

Em 2021, a compositora, instrumentista e maestrina carioca Francisca Edwiges Neves Gonzaga, ou simplesmente Chiquinha Gonzaga (1847-1935), foi tema de um livro simplesmente encantador: “Ô Abre Alas” (Saíra Editorial, 48 páginas), assinado pelo ilustrador paulistano Duda Oliva. Na verdade, não se trata de uma biografia, mas, sim, de uma história por ele criada a partir do título da icônica marchinha de Carnaval composta por ela e lançada em 1899. Mais de um século depois, a composição, você sabe, segue animando desfiles de blocos e bailes carnavalescos.

A capa do livro “Ô Abre Alas”, cuja história se inspira na letra da famosa marchinha (Saíra Editorial/Divulgação)

Ao fim, há uma página dedicada à compositora, assinada pelo professor de história Marco Prado. Ele lembra que Chiquinha Gonzaga foi a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil, bem como a primeira a compor músicas para operetas populares. “Com coragem, enfrentou uma sociedade e um meio musical repleto de preconceitos e barreiras”, assinala. Ao fim, Prado pontua que Chiquinha Gonzaga misturou talento, pioneirismo e coragem.

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