Nascido em Poços de Caldas, Teodoro Dias expõe um conjunto de 41 obras, entre pinturas, desenhos e esculturas, em individual na capital paulista
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Aos 70 anos de idade, Teodoro Dias ganha sua primeira exposição individual, na DAN Contemporânea, em São Paulo. Com curadoria de Taisa Palhares, a mostra apresenta um conjunto de 41 obras, entre
pinturas, desenhos e esculturas. São trabalhos que ratificam uma característica constante na produção de Dias: a forma compositiva sintética, com a combinação de faixas verticais que, como aponta o material alusivo à mostra, só diferem na largura e na cor e que lembram o caráter repetitivo e anônimo do mundo industrial. Nascido em Poços de Caldas, onde segue radicado, Teodoro Dias conversou com a reportagem do Culturadoria sobre a mostra, que fica em cartaz até 24 de janeiro de 2025.
De acordo com o artista, para compor a individual, a seleção partiu do material que ele produziu de mais ou menos dois anos para cá. “Isso, no caso dos relevos e pinturas. As esculturas eu já tinha produzido há algum tempo, mas ainda não havia mostrado. Existia uma certa dúvida com relação a esse trabalho, no sentido de se era isso mesmo que eu queria mostrar, mas, ao fim, entendi que sim. Então, as esculturas são mais ou menos de 2010 até 2015, e as pinturas e relevos são dos últimos dois anos”.
Traços
De acordo com a curadora Taisa Palhares, na apresentação da exposição, o trabalho de Teodoro é marcado por uma aparência de concisão que não oculta o processo de maturação, que em geral acompanha a realização de obras significativas. “A combinação de faixas verticais presentes nas obras, que à primeira vista pode parecer um exercício conceitual vazio em torno da arte abstrata, é temperado pelo trabalho singular e artesanal que ele mantém com a produção das cores e suas combinações, gerando a sensação de uma forma viva, vibrante e expressiva.”
Ao Culturadoria, Teodoro Dias conta que, no início de sua trajetória artística, suas obras eram predominantemente figurativas. “Era a maneira como eu entendia a arte. No entanto, à medida que fui estabelecendo um contato maior com a arte, principalmente em São Paulo, e também à medida em que fui conhecendo artistas, visitando galerias, comecei a entender que o que eu gostava mesmo era uma coisa mais voltada para abstração. Então, mais ou menos a partir de 2010, comecei a direcionar o meu trabalho mais para esse lado”. Assim, prossegue, compreendeu que precisaria criar uma linguagem própria. “E essa linguagem, para mim, sempre estaria atrelada à cor e, do mesmo modo, que tivesse uma simplicidade de forma, que falasse mais diretamente”.
O uso das faixas, pois, foi uma maneira que Teodoro adotou para, enfim, concretizar o trabalho que fosse ao encontro do que buscava. “Esses trabalhos, que são os relevos e que têm essas ripas articuladas, eles estão muito dentro desse projeto meu. No caso das pinturas, isso também acontece, mas não de uma maneira dinâmica, e, sim, mais passiva”.
Relação com BH
Teodoro saliente que tem uma relação “muito bacana” com Belo Horizonte. “É uma cidade que gosto muito, que admiro muito, e acho muito diferente de São Paulo, Rio. O único problema é que fica bastante longe de Poços de Caldas. Em contrapartida, São Paulo é bem perto de Poços. Então, tanto em questão de formação, como essa questão de visitação de exposições, contatos, etc, para mim sempre aconteceu em São Paulo. E isso basicamente pela facilidade de estar nessa cidade em pouco tempo. Belo Horizonte é uma cidade que dá sete horas de poços, enquanto que São Paulo, três. Então, as coisas, pra mim, acabam para mim acontecendo mais em São Paulo”.
Assim, Teodoro Dias lamenta nunca ter exposto em Belo Horizonte. “Conheço algumas galerias, gosto dos trabalhos que eu vejo aí, mas não tenho uma galeria ainda. E é claro que pretendo, sim, algum dia fazer uma exposição na capital mineira, que eu prezo tanto”.
Serviço
Teodoro Dias – pinturas, relevos e esculturas
Quando. Até 24 de janeiro de 2025. Horário: das 10h às 19h, de segunda a sexta; das 10h às 13h, aos sábados.
Onde. DAN Galeria Contemporânea (Rua Amauri 73, Jardim Europa, SP)
Quanto. Entrada gratuita
Classificação indicativa: livre
Acesso para pessoas com mobilidade reduzida
E-mail: [email protected]