De 7 a 11 de agosto, a 4ª Mostra Cinema dos Quilombos traz obras realizadas por quilombolas ou parceiros
De 7 a 11 de agosto, o Cine Santa Tereza sedia a 4ª Mostra Cinema dos Quilombos. Segundo a produção do festival, a curadoria recebeu filmes de diversas partes do Brasil dentro do recorte proposto. Ou seja, obras realizadas por quilombolas ou parceiros, levanto, às telas, a cultura rural e urbana dos remanescentes de quilombos, que se empenham em manter seus territórios e suas tradições. A mostra terá duas sessões diárias, às 16h30 e às 19h. Algumas contarão com conversas com diretores, membros da equipe, curadores e pesquisadores.
A coordenação de curadoria desta edição da Mostra Cinema dos Quilombos é de Alessandra Brito, Diego Silva Souza e Maya Quilolo. Tal qual, com assistência de curadoria de Ana Carla Sá Campos, Fabiana Santos, Jú Souza, Lourdes Gott e Pedro Manzo. A produção da mostra é de Iakima Delamare, e a coordenação, de Cardes Monção Amâncio.
Fortalecer a identidade cultural quilombola
De acordo com a produtora Iakima Delamare, a 4ª Mostra de Cinema dos Quilombos celebra a riqueza e a diversidade das culturas quilombolas. “Esse trabalho é fundamental para a preservação e a promoção das narrativas quilombolas, permitindo que suas vozes ecoem e sejam ouvidas amplamente”. Para ela, ao proporcionar visibilidade a essas produções, a mostra primeiramente fortalece a identidade cultural quilombola. Mas não só. Tal qual, contribui para a educação e a conscientização da sociedade sobre a importância da inclusão, bem como do respeito às diversas heranças culturais do Brasil.
Já para Diego Silva Souza, curador, pensar uma programação inteiramente estruturada por filmes quilombola demonstra a força da produção dessas comunidades. “São cinemas que amplificam o alcance das lutas, saberes e festividades quilombola. Desse modo, expressando o devido prestígio a mestras e mestres espalhados pelo país inteiro”. A mostra integra o projeto Cinema dos Quilombos, que, lembra o coordenador Cardes Monção, realiza oficinas audiovisuais nos territórios, assim como mantém aberto em fluxo contínuo o chamado para filmes. E, ainda, edita publicações sobre o cinema quilombola.
Abertura
No dia 7 de agosto, na primeira sessão da mostra, às 16h30, será exibido o documentário de longa-metragem “Quilombo Rio dos Macacos”, de Josias Pires (BA). O filme retrata a comunidade quilombola e sua luta pela garantia da propriedade da terra, reivindicada pela Marinha do Brasil. Além de denunciar graves violações de direitos humanos, o filme registra conflitos e negociações. Desse modo, quer traçar um painel de caráter político, social, cultural e etnográfico.
No mesmo dia, às 19h, na abertura, a programação traz o curta “Casca de Baobá”, de Mariana Luiza e o filme-ensaio “Raízes que Contam”, de Marta Silva. Tal qual, o documentário “Eu sou Raiz”, de Cíntia Lima e Lílian de Alcântara e “Marta Kalunga”, documentário de Marta Kalunga, Luciene Morais e Thaynara Rezende.
Destaque
Um dos destaques é o documentário “A Cantiga Que Nos Guia”, de Kilombu Manzo e CAMPO (BH, 2023). A exibição será no dia 10 de agosto, às 19h. O filme é produzido pelo Ponto de Cultura do Kilombu Manzo N’gunzo Kaiangoo e tem o apoio do Cultura Viva – Ministério da Cultura e do Turismo e PBH. Ele apresenta o Kilombu Manzo N’gunzo Kaiango como família descendente de Efigênia Maria da Conceição, matriarca e sacerdotisa da Umbanda e do Candomblé kilombola.
Em “As Cantigas Que Nos Guia”, cada um dos filhos e filhas descendentes de Mãe Efigênia recebeu, na infância ou adolescência, cantigas que Pai Benedito ensinou. São pontos cantados e encantados que descrevem a trajetória e missão desta família kilombola. Após a estreia, haverá roda de conversa com os moradores do Manzo. A saber: Mam’etu Muiandê, Makota Kidoiale, Joana Darc, Antônio Renato, Cássio Emerson, Mauro Ênio e Efigênia Maria (neta).
Encerramento
Na sessão de encerramento, dia 11 de agosto, às 19h, o destaque é o documentário “Dandara: A Força da Mulher Quilombola”, de Ana Carolina Fernandes. O filme visa apresentar as trajetórias e o engajamento de mulheres quilombolas que atuam como lideranças políticas de suas comunidades e do movimento quilombola em geral. O público também vai conferir “Tambu”, de Leandro Cesar e Marco Antônio Gonçalves. Nele, João Marcolino narra a tradição das construções de tambores sagrados da principal festividade do Quilombo do Mato do Tição.
Já “Entoado Negro”, de Valtyennya Pires, traz, para além do tradicional ritmo dos instrumentos e dos cantos, a preparação da festa que a Comunidade Quilombola de Pedra D´Água realiza no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. Já a sessão de encerramento da 4ª Mostra Cinema dos Quilombos vai exibir o documentário “Nego Fugido: A Voz de Nosso Povo”, de Paula Brito.
Livro Cinema Quilombola
A programação conta, ainda, com um chamado para envio de trabalhos para o segundo volume do livro sobre Cinema Quilombola. Edileuza Souza é quem organiza a edição. A ideia é reunir artigos, resenhas, ensaios, entrevistas, poemas e demais textos acadêmicos, livres e literários. No entanto, o teor tem que dialogar diretamente com a produção audiovisual que vem sendo produzida nas mais de seis mil comunidades quilombolas no Brasil. Interessados devem acessar o site www.cinemadosquilombos.com.br, no qual há mais informações.
Serviço
4ª Mostra Cinema dos Quilombos
Quando. 7 a 11 de agosto
Onde. Cine Santa Tereza (Rua Estrela do Sul, 89)
Horário das sessões: 16h30 e 19h
Classificação: Com exceção da primeira sessão que exibe o longa Quilombo Rio dos Macacos cuja classificação é 14 anos, todos os filmes da mostra são de classificação livre
Ingressos: Os ingressos disponíveis no site www.cinemadosquilombos.com.br ou na bilheteria do cinema, com 30 minutos de antecedência.
