Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

250 anos de Beethoven: conheça as obras essenciais

Diretor artístico e regente titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, maestro Fabio Mechetti comenta as principais obras de Beethoven e indica por onde começar a apreciar a obra dele

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É preciso compreender o homem para depois entender a obra. Essa é uma das recomendações do maestro Fabio Mechetti, diretor artístico e regente titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais para quem quer conhecer mais e aprender com um dos grandes nomes da música erudita no mundo. Falamos de Ludwig van Beethoven.

Em 2020, o mundo inteiro vai prestar as devidas homenagens aos 250 anos de nascimento dele. A efeméride, aliás, já uma das curiosidades na biografia do compositor. Não se sabe ao certo a data em que ele veio ao mundo. Sendo assim, a festa se dá em torno do dia do batizado, 17 de dezembro de 1770, em Bonn.

Beethoven, obviamente, será homenageado pela Filarmônica ao longo do ano inteiro. Serão apresentadas 28 obras, entre elas, a mais famosa de todas. Confira a programação completa aqui e antecipe-se para garantir os ingressos. A 9ª Sinfonia terá concerto especial em setembro, com duas datas. Avisamos para você já ficar de olho na programação. Mas, além desse trabalho icônico na trajetória do compositor, o maestro selecionou muitas outras e comenta no vídeo algumas das mais famosas.

Retrato feito por Joseph Karl Stieler em 1820. Reprodução Joseph Karl Stieler

 

 

Como o maestro Fabio Mechetti ressaltou, Beethoven foi um dos primeiros na história da música a se colocar como indivíduo naquilo que criava. “Antes dele a personalidade do compositor não estava impressa”, ressalta. A partir de Beethoven, o que o compositor sentia, suas angústias, alegrias, preocupações filosóficas e humanas passam a aparecer. Em determinado momento ele disse que não escreveria o que o público queria ouvir mas aquilo que ele gostaria de comunicar.
Como as curiosidades em torno de Beethoven são infindáveis, selecionamos aqui, mais algumas para você ampliar o seu repertório.

Contexto familiar desfavorável

Beethoven começou a compor na infância. Aos 12 anos já escrevia. Um ponto interessante desse período eram os singelos títulos que ele escolhia para batizar as músicas. Usou, por exemplo, Canção para um bebê de peito ou Elegia pela morte de um poodle.

Mesmo que sob pressão, parece ter encontrado na música refúgio para os problemas familiares. O pai era alcoólatra e a mãe turberculosa. A família queria que o jovem Ludwig fosse um novo Mozart. De acordo com um de seus biógrafos, Bernard Fauconnier, o pai o fazia acordar de madrugada para treinar piano.
Na vida adulta, Beethoven era conhecido como alguém rabugento e mau humorado. Ele mesmo teria reconhecido isso no famoso Testamento de Heiligenstadt.

Iluminismo e experimentação

Quando Beethoven tinha 19 anos, a Europa passava por uma grande transformação. Ideias de liberdade, igualdade e fraternidade substituíam o absolutismo medieval que dominava até então. O compositor se encantou com o contexto da revolução que começou na França e contaminou todo o continente. Para os compositores da época representou momento de liberdade e tanto. Como explica a coleção Folha de Música Clássica, até então os músicos eram contratados pela nobreza e tinham que seguir determinadas regras. Com a queda da aristocracia, começaram a surgir os primeiros espetáculos públicos. A burguesia, em ascensão, era formada por um público consumidor de arte.

Sendo assim, os artistas também se sentiram mais livres para expor suas ideias, ou seja, suas subjetividades e individualidades. Críticos do período avaliam que entre 1792 e 1800 foi notória a evolução da música de Beethoven. A experimentação se tornou uma máxima na vida dele.

Superação

Se você nunca ouviu a 9ª Sinfonia, veja no finalzinho do vídeo acima um dos momentos mais apoteóticos, o quarto movimento com o coro. É inacreditável, mas Beethoven compôs esta obra completamente surdo. Os primeiros sinais de problemas na audição apareceram quando ele tinha 27 anos. À medida em que o quadro ia se agravando, o compositor foi desenvolvendo a habilidade de escutar mentalmente as notas e suas combinações.

Revoluções no estilo

É unanimidade entre maestros, especialistas e biógrafos o quanto as composições de Beethoven foram importantes inclusive para demarcação de fases na história da música erudita. Comentada por Fabio Mechetti, a Sinfonia nº 3 ‘Eroica’, por exemplo, marca o início da fase romântica, portanto o fim da era clássica.
As biografias dão conta do perfeccionismo dele. Diz que ele revisava e corrigia as partituras madrugada a dentro. Ao todo deixou 240 peças, entre sinfonias, concertos, quartetos de cordas e etc. Fez apenas uma ópera, Fidélio, encomendada pelo Barão Peter Von Braun. Como não teve boas críticas na estreia, Beethoven fez correções até chegar à definitiva versão, que foi a terceira.

 

Orquestra Filarmônica de Minas Gerais vai homenagear Beethoven em 2020. Foto: Rafael Motta / Divulgação

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