É claro que as obras contemporâneas em exposição no terceiro andar da na Casa Fiat de Cultura chamam atenção. Imagina, quem não vai reparar uma quantidade significativa de conduítes misturados a duas cadeiras penduradas no teto ou então grandes tecidos coloridos que se esparramam pela parede?
No entanto, ao visitar a mostra com os trabalhos dos italianos Paolo Grassino e Luigi Maianolfi outra coisa chamou mais a minha atenção. O cuidado que os artistas tem na montagem e composição de O Corpo da Matéria. A matéria do corpo, a exposição completa. Estando no Brasil ou não.
Enquanto algumas pessoas percorriam as obras no momento final da montagem, Paolo quase passava despercebido. Com martelo em punho, ele mesmo tratava de acomodar na parede uma aquarelas, uma das dez obras do conjunto que traz a Belo Horizonte. “Para mim cada trabalho é como se fosse a tinta e a exposição a tela completa”, explica metaforizando o hábito que tem de montar as próprias mostras onde é possível ir.
Paolo chegou ao Brasil 20 dias antes da abertura de O Corpo da Matéria. A matéria do corpo. Cuidou de cada detalhe. Os tais conduítes do teto foram cuidadosamente acomodados por ele. Os trabalhos de Grassino abordam a existência humana. O preto é cor predominante. Há sempre um questionamento sobre a presença do homem hoje no mundo, críticas ao consumismo e à falta de identidade.
SKYPE
Assim como Paolo, Luigi Mainolfi também se ocupou de todos os detalhes para a mostra no Brasil. Ele não pôde vir por um problema de saúde. Apesar disso, pelo Skype, conectado co a filha controlava todos os detalhes.
O Corpo da Matéria. A matéria do corpo tem 15 obras de Luigi Maianolfi. Todas elas propõem uma reflexão entre a conexão do homem com a natureza. Ele é conhecido por trabalhar com esculturas tridimensionais e peças bidimensionais.
O artista projetou uma obra especialmente para a mostra brasileira. Terre nove (Nove Terras), um conjunto de esferas que simboliza encontro de culturas. Foi esta a obra que Luigi se ocupava no Skype. A filha ajeitava a esfera do meio e se distanciava. Logo ele pedia que novamente alterasse o posicionamento. Era diferenças milimétricas que podem nem fazer diferença para um visitante desavisado. Para Maianolfi faz, e muita. É a arte dele.
Tanto os trabalhos de Paolo quanto de Luigi desafiam o entendimento racional. São convites para experimentar outras perspectivas no olhar para ver o corpo como matéria e também a matéria que constitui os corpos. Humanos ou não.
[O QUE] O corpo da matéria. A Matéria do Corpo [QUANDO] Até 3 de dezembro, terça a sexta, de 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h [ONDE] Casa Fiat de Cultura (Praça da Liberdade, 10) [QUANTO] Grátis